(por Daniel Carmona) Proprietários de clubes, bares e restaurantes de Santa Catarina estão apreensivos quanto à possível redução dos turistas no final do ano. Aos poucos, tentam retomar a normalidade e a badalada vida noturna na região. Com a proposta de divertir e ajudar, algumas iniciativas se tornaram um sucesso, como doações em troca de convites para as casas noturnas e a transferência de parte da renda para os desabrigados.
Em Florianópolis, por exemplo, o tradicional bar Vecchio Giorgio promoveu uma festa para arrecadar donativos. Na terça-feira (02/12), seis DJs lotaram a casa e qualquer tipo de donativo valia como entrada. "Pedimos para o pessoal trazer material de limpeza, água e brinquedos, mas recebemos de tudo. Conseguimos encher um caminhão e direcionamos os donativos para a Defesa Civil. Foi bem legal, bem bacana", disse Camilla Cutnei, produtora do estabelecimento.
Outra iniciativa importante ocorreu em Itajaí, cidade fortemente castigada pelas chuvas. Os proprietários do badalado Warung Club permitiram com que caminhões-pipa utilizassem uma fonte de água potável que existe na área para distribuir à população. Além disso, distribuíram dezenas de ingressos em troca de cestas básicas para quem quisesse curtir os DJs gringos Rowan Blades e Ricky Ryan, que marcam presença no clube nesta sexta-feira (05/12). Quem levar um kit de doações também vai ter 50% de desconto na casa e, como gesto maior de solidariedade, os próprios DJs abriram mão do cachê para ajudar quem precisa.
"Tem muita gente que perdeu tudo. Alguns de nossos funcionários também foram prejudicados. É hora de seguir em frente e ajudar essas pessoas a retomarem a vida. Como nosso espaço permaneceu intacto, vamos utilizá-lo para divertir os turistas e clientes da casa sem deixar de ajudar quem precisa", explicou João Mansur, um dos sócios do Warung.
"A maior manifestação de solidariedade é vir para Santa Catarina"
Quem compartilha de opinião semelhante é Jorge Júnior, produtor de eventos e sócio da revista House Mag. Junto com Mansur, ele promove a "balada solidária" do Warung, mas acha que a mobilização precisa ser reforçada em outro sentido. Doar cestas básicas e arrecadar dinheiro são ações importantíssimas. Mas o que realmente vai ajudar é uma mobilização dos empresários para investir no Estado, a começar pelo turismo. A mídia também precisa parar de generalizar e dizer que "Santa Catarina está destruída". Algumas cidades foram afetadas, mas o Estado segue firme e o todo o litoral está perfeito", disse.
"Agora, mais do que nunca, precisamos dos turistas aqui. A maior manifestação de solidariedade é vir para Santa Catarina", concluiu Júnior.
Números
Estimativas apontam que entre 20% e 25% das reservas turísticas foram suspensas na época da tragédia. Isso representaria um prejuízo de R$ 120 milhões. Mas, aos poucos, os turistas têm retomado o desejo de curtir o verão nas praias catarinenses. De acordo com a Santa Catarina Turismo (Santur), quase 10% (R$ 9,6 bilhões) da arrecadação estadual é proveniente do turismo.
Rifas e Natal solidário
Júlio César Moro, proprietário do restaurante Chaplin, uma das referências gastronômicas de Balneário Camboriú, também se solidarizou com as vítimas. "Tenho 15 funcionários que sofreram com as enchentes. Para ajudá-los, vendemos rifas aos nossos clientes. Além disso, vários restaurantes fizeram marmitas para quem precisava e vamos tentar fazer organizar o melhor natal possível", explica. Moro garantiu que vai preparar uma cesta de natal especial para seus funcionários.
"As pessoas têm sido muito solidárias. Nós vamos sair dessa e é importante que o turista nos apóie", finalizou.
(com colaboração de Davi Paes e Lima)
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