Um dos museus mais importantes para a história da literatura brasileira não fica em nenhuma capital ou grande centro urbano: está a cerca de duas horas de viagem do Rio de Janeiro, na Região dos Lagos, na cidade de Casimiro de Abreu. E homenageia justamente este poeta da segunda geração romântica da literatura nacional, que hoje dá nome à sua cidade natal. No distrito de Barra de São João, a passagem pela Casa Casimiro de Abreu é obrigatória. O lugar onde o autor de “As Primaveras” passou a sua infância, e que foi também local de trabalho do seu pai, um comerciante português de madeiras, é hoje um museu em homenagem à sua vida e obra, com um acervo rico de mobília originais e edições raras de suas obras – e só não é maior porque, tendo morrido de tuberculose, Casimiro teve boa parte de seus pertences queimados, para, ao costume da época, evitar contaminação.

Com quatro salas e um salão, a residência da família de Casimiro de Abreu (1839-1860) abriga hoje duas estátuas do poeta no quintal, às margens do rio São João, assinadas pela artista Christina Motta, e que parecem eternizar a sua presença no lugar. Uma delas, retrata Casimiro sentado à beira do rio, olhando o horizonte, e a outra, aos oito anos de idade, sintetizando o seu poema mais famoso, “Meus Oito Anos”. A biografia do poeta é contada na exposição em textos cronológicos, a partir da documentação do acervo da Biblioteca Nacional e da Academia Brasileira de Letras. O museu também abriga mostras temporárias de artistas da região. Pelas paredes, há fragmentos de poemas, pinturas e aquarelas da época. Pode-se ainda assistir ao filme “Brasilianas, Meus Oito Anos”, de 1955, dirigido por Humberto Mauro.

O museu pertence à Secretaria de Estado da Cultura, mas já foi sede da prefeitura local. A história da casa começa quando José Marques de Abreu, pai do poeta, decide erguê-la junto com um trapiche, na beira do rio, com entrada pela Praça das Primaveras, para manter um armazém onde a família pudesse guardar telhas e tijolos, que ele “importava” de Cabo Frio, onde eram produzidos, além de madeira e outros produtos que eram exportados pelo porto de Barra de São João. Abandonada, a casa ficou em ruínas, mas foi tombada pelo Património Histórico Nacional, restaurada em 1974 e, em 2008, abriu como museu – com auditório e biblioteca.

Aquele que ficou conhecido como “poeta da saudade” e “poeta da morte”, e que marcou definitivamente o romantismo brasileiro, nasceu e morou na casa até completar dez anos, em 1849. Cerca de 20 anos depois, já vítima de tuberculose, Casimiro voltou para morrer no mesmo lugar, em 1860. Temas como “lar” e “família” são recorrentes na sua obra, o que parece tornar o museu um espaço de atmosfera ainda mais nostálgica. A entrada é franca e podem ser marcadas visitas guiadas com agendamento prévio. Saiba mais acessando o site do museu


int(1)

Em Casimiro de Abreu, na Região dos Lagos, exposição conta vida e obra do poeta romântico