Muito já se filosofou sobre o charme de Búzios, e é consenso a ideia de que ele está justamente no fato de unir características de uma vila de pescadores com as de uma cidade cosmopolita. Búzios é pequena e grande ao mesmo tempo. E cada vez mais internacional. Talvez por atrair pessoas de vários países, que escolhem o balneário para morar, este município de pouco mais de 10 mil habitantes na Região dos Lagos tenha se transformado, sobretudo nos últimos anos, em uma verdadeira babel. Na alta temporada, os estrangeiros já residentes se somam aos turistas e a miscelânea é geral. Os reflexos destas influências estão evidentes na gastronomia. Hoje, além das várias e belas praias, Búzios também oferece uma experiência gastronômica completa: é possível percorrer o mapa-múndi em receitas para todos os gostos.
O chef e sommelier italiano Danio Braga, por exemplo, instalou há dois anos seu QG gastronômico, o Sollar Búzios, em um casarão colonial do século 18 que pertenceu a Juscelino Kubitschek, na charmosa Orla Bardot, de frente para o mar e seus barquinhos. Lá, ele prepara delícias inspiradas em sua terra natal, como a novidade que batizou de “percurso da mozzarella” – uma degustação de vários tipos deste queijo, harmonizada com vinho, a começar pela “stracciatella”, passando pela “burrata”, “caciocavallo” até a “scamorza”. A adega da casa tem 3 mil garrafas. Para a sobremesa, o italianíssimo tiramisu. A Itália também se faz presente em outros restaurantes, como a trattoria e pizzaria La Dolce Vita, comandada pelo italiano Alessandro Valenti, que chegou a Búzios há 15 anos.
No seu “tour” pela Europa, Búzios inclui a Espanha, França e até o Leste do Velho Continente. O Restaurant Le Cigalon, que tem à frente a chef argentina Elisabet Persiani – com passagens por cozinhas na França, Itália, Espanha e Brasil –, oferece pratos tradicionais da culinária francesa, como Lagosta com aspargos e cogumelos, Filé mignon au poivre com batatas sauté e Terrine de pato. Já na rota espanhola, o La Barceloneta, de um proprietário brasileiro, tem no cardápio tapas típicas daquele país, além outros pratos mediterrâneos.
E a volta ao mundo em inúmeros pratos não para por aí. Ainda dá para “conhecer” a Tailândia e outros países asiáticos no Sawasdee Bistrô, cuja filial carioca já foi eleita a melhor cozinha asiática pelo júri Veja Comer&Beber (em 2008 e 2009). A culinária do Leste Europeu e da Alemanha também está fielmente representada no balneário pelas receitas da chef tcheca Ivana, no Baroque, restaurante dentro de sua própria casa, onde ela serve goulash húngaro e pato assado, por exemplo. Se não quiser ir tão longe, para provar a autêntica parillada argentina, a pedida é ir ao Don Juan.
E para terminar o circuito, ou melhor, começar, a dica é o café da manhã com sotaque internacional do A Galeria, restaurante dentro do hotel Insólito. Ali, a chef Lúcia de Souza, que rodou 20 anos pelo mundo – dos Estados Unidos à Rússia -, faz culinária “simples”, como ela mesma define, com ingredientes locais e sotaque internacional. O menu do café, por exemplo, tem de açaí a espetinhos de mussarelas de búfala com tomates cerejas e pinzimonio com vinagrete de maracujá.
A atriz Brigitte Bardot, quando esteve em Búzios nos anos 60 – e revelou a cidade para o Brasil e o mundo – jamais imaginaria um futuro tão cosmopolita para o seu balneário. Hoje, sentada em um banco da Orla Bardot, sua estátua assiste ao vai-vem de turistas do mundo inteiro.