
De país do futuro a potência global: estudo aponta caminhos para um novo ideal de Brasil (Foto: Divulgação)
O Brasil já tem o que precisa para ocupar um lugar de potência socioambiental e agente de diálogo global. Esse é o principal apontamento do estudo “O Brasil que o Brasil quer ser”, encomendado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), composto por lideranças da sociedade civil.
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O estudo reúne as vozes de 90 lideranças e pesquisadores e mais de 3.000 brasileiros de diferentes regiões do país para compreender como o Brasil se enxerga e quais caminhos pode seguir para construir um futuro mais coeso e influente nos cenários nacional e internacional.
Uma nova narrativa para o Brasil
A esperança segue sendo um sentimento predominante entre os brasileiros. No entanto, o estudo revela uma transformação significativa nesse sentimento. Se antes essa esperança estava atrelada a um futuro idealizado — uma espera constante pelo momento em que “o Brasil finalmente dará certo” — agora cresce a consciência de que o país já tem o que o mundo precisa.
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Essa mudança de percepção desafia o “complexo de vira-lata”, que por décadas reforçou a ideia de que o Brasil era um país atrasado e limitado por suas dificuldades estruturais. O estudo aponta que essa visão limitante tem raízes profundas em três fatores principais: a imagem global do Brasil associada quase exclusivamente à diversão e aventura; a persistência das mazelas históricas que, embora devam ser enfrentadas, não precisam definir o futuro do país; e a polarização política recente, que dificulta um consenso sobre um projeto nacional compartilhado.
“O Brasil tem a chance de redefinir sua trajetória e assumir um papel de protagonismo global. O estudo mostra que é hora de deixarmos de lado a visão de país eternamente promissor e começarmos a agir como a potência que já somos”, destaca Lourenço Bustani, fundador da Mandalah e coordenador do grupo de trabalho responsável pela condução do estudo.
Agora, ao invés de projetar um futuro incerto, a percepção coletiva aponta que a vocação, o território, a natureza, a diversidade cultural e a história do Brasil são a própria esperança para um mundo em transformação. “A construção do Brasil passa pela valorização da nossa diversidade. Precisamos contar nossa história de forma mais estruturada e mostrar que o Brasil é um país que gera impacto global”, afirma Débora Emm, fundadora da Inesplorato e integrante do grupo de trabalho responsável pela condução do estudo.
Outro ponto de destaque do estudo é a identidade simbólica do país. Pela primeira vez, a Amazônia aparece como o principal símbolo da identidade brasileira, superando o Rio de Janeiro. Esse dado reflete a crescente consciência nacional e internacional sobre o papel central do Brasil na agenda ambiental e no desenvolvimento sustentável.
A mudança interna de narrativa também é um caminho crucial para mudar a percepção do mundo sobre o país. O Brasil ainda é visto lá fora como um país acolhedor e vibrante, porém pouco associado a atributos de inovação, governança e desenvolvimento sustentável. A pesquisa revela que essa percepção se reflete na imagem do país como “um amigo de fim de semana, mas não para as segundas-feiras”, evidenciando a necessidade de reposicionamento estratégico.
A COP30 como oportunidade estratégica
A COP30, que será realizada no Brasil este ano, é apontada pelo estudo como uma oportunidade decisiva para o país se posicionar como líder global em sustentabilidade e articulação internacional. “O evento representa uma janela sem precedentes para sinalizar para a comunidade internacional que, de uma vez por todas, o Brasil tem todas as credenciais necessárias para liderar a agenda climática e promover a paz no mundo“, aponta Lourenço Bustani.
O estudo defende que a COP30 pode ser um marco para consolidar a imagem do Brasil não apenas como potência ambiental, mas como um ator chave na mediação global, também capaz de articular soluções para os desafios da transição energética e da economia verde, por exemplo. “O mundo está buscando modelos de desenvolvimento sustentável, e o Brasil tem todas as credenciais para liderar essa transformação de maneira autêntica e eficiente”, acrescenta Jeanine Pires, conselheira do CDESS e integrante do grupo de trabalho responsável pelo estudo.
Espaços de Excelência: 18 dimensões onde o Brasil já é referência
O estudo identifica 18 espaços de excelência nos quais o Brasil já se destaca mundialmente. Essas áreas são: biodiversidade, democracia, artes e cultura, políticas públicas, ecossistema de startups, empreendedorismo social, ciência, tecnologias financeiras, matriz energética limpa, minerais críticos para a transição energética, biocombustíveis, setor aéreo, agricultura de baixo carbono, ecoturismo, design, gastronomia, movimentos sociais e esportes. Fortalecer e ampliar a visibilidade dessas áreas pode alavancar a reputação internacional do Brasil e atrair investimentos estratégicos.
Como caminhos e oportunidades para o Brasil, o estudo propõe algumas diretrizes que podem contribuir para que o Brasil se consolide como potência global. Entre elas:
- Ativar o território de posicionamento da Sociobiodiversidade, destacando o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.
- Fortalecer narrativas estratégicas, como “Brasil, o país do presente”, “O Brasil tem o que o mundo precisa”, “Brasil, berço da inovação” e “Jeito Brasileiro” (em contraponto à famosa expressão “Jeitinho Brasileiro”).
- Reforçar o papel do Brasil como mediador global, utilizando sua tradição diplomática para promover paz e cooperação internacional.
- Criar uma agenda integrada de atividades e narrativas, garantindo um alinhamento mais eficaz entre governo, setor produtivo e sociedade civil.
- Equilibrar acolhimento e pragmatismo, projetando uma imagem do Brasil também como um país eficiente, inovador e colaborativo.
Construindo um Brasil mais coeso e influente
Para consolidar essa nova construção, o estudo defende que o Brasil precisa articular uma estratégia nacional de comunicação e desenvolvimento, alinhada com os desafios do século XXI. “É fundamental que avancemos em agendas estratégicas que alinhem as decisões políticas com as necessidades da população e as demandas globais”, enfatiza Marcel Fukayama, CEO da Din4mo, conselheiro do CDESS e integrante do grupo de trabalho responsável pelo estudo.
“O estudo ‘O Brasil que o Brasil quer ser’ não é um exercício de marketing ou um projeto de reputação. Ele é um chamado para ação. Ele aponta caminhos estratégicos para que o Brasil rompa com as narrativas limitantes do passado e se afirme como um país que já realiza, já inova e pode liderar a transformação global para um futuro sustentável, inovador e inclusivo”, completa Victor Cremasco, CEO da Mandalah e integrante do grupo de trabalho responsável pela condução do estudo.
O estudo completo pode ser encontrado no https://www.
O estudo foi conduzido por uma equipe multidisciplinar coordenada por Lourenço Bustani, fundador da consultoria Mandalah. O projeto foi realizado em caráter pro bono, com a participação de mais de 3 mil vozes da sociedade e de pesquisadores em cultura brasileira e lideranças indígenas, empresariais, artísticas e acadêmicas, como Gilberto Gil, Ailton Krenak, Adélia Borges, Eduardo Giannetti, Sidarta Ribeiro, Katia Maia, Luana Génot, Gustavo Werneck e Elbia Gannoum.