O recente filme “Coringa: Delírio a Dois”, da Warner Bros, mergulha na complexidade da mente humana ao explorar o conceito de “Folie à Deux”, uma condição psiquiátrica rara em que duas pessoas compartilham delírios. O psicólogo Alexander Bez, especialista em saúde mental, analisa como essa dinâmica se manifesta em relacionamentos, traçando paralelos com casos famosos e a própria narrativa do filme.
> Siga o Virgula no Instagram! Clique e fique por dentro do melhor do Entretê!
A condição de “Folie à Deux” requer a presença de um casal, onde ambos estão imersos em tramoias e ações antissociais, com um atuando como líder e o outro como seguidor. Segundo Bez, “o cérebro de um psicopata vê o mundo de acordo com suas próprias regras, ignorando princípios sociais e morais“. Essa estrutura mental é exemplificada na relação entre o Coringa e sua parceira, Harley Quinn, que, embora menos organizada em comparação a outros casos históricos, revela uma conexão profunda entre os dois.
O psicólogo ressalta que a representação de casais como Bonnie e Clyde e casos brasileiros, como o casal Nardoni, serve como advertência sobre a romantização do crime. “Esses relacionamentos, embora possam parecer fascinantes, são marcados por uma psicose que não se altera. As personalidades psicopáticas são estruturas mentais petrificadas e não mudam“, afirma Bez. Ele destaca que o prazer derivado de ações violentas e criminosas é um aspecto central na dinâmica do Folie à Deux.
O especialista também aborda a fragilidade dessas relações. Quando um dos parceiros é confrontado com a realidade, como uma intervenção policial, o vínculo delirante pode se romper, levando a um conflito entre os envolvidos. “A ausência de remorso e a falta de sensibilidade são características marcantes, aumentando a complexidade das ações antissociais“, explica.
Por fim, o psicólogo adverte sobre o perigo de romantizar esses comportamentos. “Casos como o do Coringa demonstram que não devemos ter a ingenuidade de acreditar que personalidades psicopáticas podem mudar. A gratificação do prazer, muitas vezes sexual, permanece como a única intenção mental”, conclui.
Com a estreia do filme, a reflexão sobre esses temas se torna ainda mais pertinente, convidando o público a uma análise crítica sobre as complexas relações que desafiam a moralidade e a sanidade.