O pesquisador e jornalista Chico Júnior sempre teve uma pulga
atrás da orelha: qual é o alimento que mais representa o Estado do Rio? Viajante
profissional, blogueiro gourmet e autor de livros sobre turismo gastronômico
(“Roteiros do Sabor Brasileiro” e “Roteiros do Sabor do Estado do Rio”), Chico
resolveu buscar respostas para a questão e criou o concurso “7 Maravilhas
Gastronômicas do Estado do Rio”. A ideia é eleger, por meio de uma votação na Internet,
a partir de uma lista, o prato ou ingrediente que tem a cara da cultura
culinária fluminense. E, claro, fomentar o assunto e suscitar debates
acalorados. De preferência, ao redor de uma mesa.

“Estamos fazendo algo inédito no Brasil, é a primeira vez que
se realiza um concurso deste gênero”, diz Chico. Os 40 pré-finalistas,
escolhidos por uma banca de jurados, estão divididos em sete categorias:
Entradas e Petiscos, Refeição, Bebidas, Doces e Sobremesas, Da Terra, Da Água e
Laticínios. O universo riquíssimo de sabores revela um Estado tão fértil quanto
criativo: entre os concorrentes, há iguarias como o patê de fígado de frango
Coisas da Fazenda, de Itaipava, em Petrópolis, até o simples tomate produzido
em Paty do Alferes.

A capital concorre com ícones da gastronomia que ultrapassam
as fronteiras da representação regional, como a feijoada e a caipirinha. Mas
Chico acha que não há razão para os outros 17 municípios representados entre os
pré-finalistas temerem a concorrência de peso. “As categorias foram criadas
justamente para que todos disputem em pé de igualdade. A capital não está
representada em todas elas”, explica. Ele destaca a importância histórica e
cultural de alguns pratos na lista dos competidores como, por exemplo, o Peixe
com Banana da Costa Verde, “porque é praticamente o único legado da culinária
caiçara no Estado”, e o chuvisco de Campos dos Goytacazes, “que condensa em si
a história da região, ligada à influência portuguesa, aos canaviais”.  

O concurso mal começou e já está mobilizando algumas
prefeituras do interior. Para angariar o maior número de votos nos concorrentes
locais, algumas, como Quissamã e Petrópolis, estão incentivando a população. A
primeira é conhecida por sua farta – e de qualidade – produção de doces
caseiros, e tem o tradicional pastel de nata entre os pré-finalistas. Já
Petrópolis produz mais de uma “maravilha”, como os orgânicos do Sítio do Moinho
e os doces e geleias do Sitio Humayta. E Chico Júnior, como profundo conhecedor
destas delícias todas, não hesita em destacar ainda a cultura do queijono
Estado, “todos de altíssimo nível”, como o de cabra da Fazenda Genève e o Minas
frescal do Sítio Solidão e do Vale das Palmeiras, que pertence ao ator Marcos
Palmeira.

O “7 Maravilhas Gastronômicas” começou no dia 1 de julho e a
primeira etapa, em que o público pode sugerir outros concorrentes por meio do site, além dos 40 que já estão lá, vai
até 25 deste mês. Depois, um júri de especialistas selecionará os finalistas.
Destes, sairão os sete vencedores, por meio da votação na Internet, aberta de 5
de agosto a 31 de outubro. “Até lá, meu objetivo estará cumprido. Quero ampliar
o interesse pela gastronomia e sua dimensão histórica e cultural. Comer não é
só uma questão de sabor, é pura cultura”, conclui Chico.


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Concurso vai eleger as “7 Maravilhas Gastronômicas do Estado do Rio”

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