Quem nunca deu ou recebeu um pé na bunda? Seja de um caso passageiro, de um namoro de anos ou de uma pessoa que você percebeu que a relação já não era a mesma. Entre fins previstos, inesperados, dolorosos, amigáveis e necessários, o podcast “Clube do Pé na Bunda”, novo original do Spotify, quer mostrar que todo mundo tem uma história sobre términos para contar além de mostrar que existe vida após o pé na bunda.
Com apresentação de Igor Pires, João Doederlein e Gabie Fernandes, o novo programa busca reunir histórias dos apresentadores misturadas com histórias dos ouvintes para debater sobre os mais diversos tipos de pé na bunda e como cada situação pode ser tratada. O programa é um original Spotify e conta com a produção de Bruno Porto.
Unindo um time conhecido por falar de relacionamentos nas redes sociais e em livros, Igor Pires é autor dos livros e da página Textos Cruéis Demais Para Serem Lidos Rapidamente. João Doederlein, conhecido como Akapoeta, autor dos livros O Livro dos Ressignificados e Para Ressignificar Um Grande Amor. Além de Gabie Fernandes, que toca o canal Depois das Onze e autora do livro 23 motivos para não se apaixonar. Em entrevista, os 3 apresentadores falaram um pouco mais sobre a produção do podcast que estreia nesta segunda-feira (17) no Spotify.
Uma coisa que os três tem em comum é a produção de conteúdo em texto. Salvo a Gabie que tem o canal do Youtube e Podcasts. Como foi essa transição para os três de passar a fazer conteúdo em áudio?
Igor: Eu tinha um podcast de textos narrados no Spotify, mas com o Clube do Pé na Bunda é uma conversa. Eu sempre tive vontade de compartilhar ideias que eu tenho nesse formato, e o Clube foi essa oportunidade. Foi muito natural para mim fazer essa transição do escrito para o áudio, eu estou me descobrindo e estou gostando muito desse processo.
João: Eu sempre tive vontade de produzir conteúdo audiovisual, tentei várias vezes fazer coisas vídeo, mas eu sinto que faltava um empurrãozinho. Eu descobri que esse empurrãozinho se chamava Igor, Gabi e Bruno Porto. O projeto ser com eles me fez incentivar essa vontade, me fez entender pontos disso que eu não entendia e fez fluir muito mais. Eu sempre me autosabotei na hora de produzir conteúdo, além de ser muito perfeccionista. Então como eu me estruturei na internet com o texto botar um conteúdo novo é sempre difícil, o que pode dar uma barrada. Só que fazer junto com eles me traz segurança. Eu fiquei muito animado que eu posso mostrar para o público esse meu lado falado. Esse lado às vezes menos pensado do que um texto, mais natural, mais dinâmico.
Gabie: Eu acho que falar é nossa linguagem primária, é uma das primeiras coisas que fazemos para nos comunicar, então é muito natural para todo mundo. Todo mundo tem muito para dizer assim, eu fico pensando que todo mundo, qualquer pessoa do mundo renderia uma conversa de 5 horas direto, porque todo mundo tem muita informação. Eu acho que os meninos são muito diferentes. Nós todos somos muito diferentes, então cada um tem uma ideia, uma visão, falar sobre amor é uma experiência muito diferente pra cada um, cada um tem suas próprias vivências. Eu sinto sempre que eu estou gravando é que estou com os meus amigos numa mesa de bar. Lógico que todas as coisas que a gente expõe, as pessoas ouvem também, então é muito gostoso assim. Eu estou muito feliz. Pela troca, pela entrega, pela generosidade dos dois.
E quando vocês perceberam que iam falar sobre amor?
Igor: Aconteceu naturalmente para mim. No dia que eu tomei o meu primeiro pé na bunda, que foi aquele tipo silencioso que você que tem que tomar uma atitude para acabar com a situação. Eu fiquei na merda, tive problema na questão de saúde mental e criei a página Textos Cruéis Demais Para Serem Lidos Rapidamente. Foi uma forma de eu mostrar para as pessoas que eu estava na merda, de precisar fazer alguma coisa com a minha dor. Nisso, as pessoas foram se identificando, a página foi crescendo e eu fui entendendo que eu conseguia fazer isso de maneira muito bem, me expressar muito bem através dos textos. Assim eu lancei o primeiro livro, quando lancei ele foi um sucesso, foi o mais vendido do ano seguinte eu entendi que eu conseguia fazer isso. Eu sei organizar as minhas ideias e eu sei falar sobre as minhas relações de uma maneira extremamente vulnerável e sem filtro. Eu acho que as pessoas se identificam com o trabalho da pessoa que é de verdade. Eu sou uma pessoa que não foge das próprias questões, eu preciso encarar o fato de que eu estou passando por uma barra e passo por isso. Isso nos liga, nós somos artistas, nós não fugimos das nossas questões.
Gabie: Eu acho que eu tenho uma grande sorte, destino, Deus, alguma coisa, porque as respostas elas vão chegando até mim. Isso é muito curioso. Um dia eu não estava muito bem, por questões de relacionamento, eu fui fazer uma aula de biodança. Um negócio muito muito holístico. E tinha uma senhora mais velha e o exercício era você abraçar um estranho e essa senhora me abraçou e eu senti muito amor no abraço dessa senhora. Assim eu comecei a chorar muito, compulsivamente, e nesse dia eu entendi que amor para mim é a coisa mais importante do mundo. E o amor é muito grande, não é só um amor romântico, o amor vai muito além. Ele está na gentileza, está no carinho, ele está no cuidado com o outro, está no cuidado com a família, está na autoestima. Nesse dia eu percebi que precisava fazer algo ligado ao amor. Nisso, eu mandei um texto para um amigo meu que é escritor, ele me mandou esse texto para uma editora e resultou na publicação do meu livro. Eu acho que as pessoas precisam cada vez mais de momentos reais, amorosos, sabe? Precisam de coisas reais que relatam sobre amor.
João: Eu comecei a escrever sobre amor desde o primeiro texto que eu escrevi, que foi personagem que eu inventei, mas há uns nove anos, dez anos. Mas foi de uma forma inconsciente, para mim eu estava escrevendo sobre um personagem, inventando uma história sobre o que eu queria falar. Eu fui ter essa ideia de que eu escrevia sobre amor quando eu criei o meu primeiro blog, o meu primeiro tumblr, como meus 13 anos mais ou menos. O nome era My Happy Monday porque tinha aquela piada de que todos odiavam a segunda-feira e eu adorava porque eu ia pro colégio e eu via a garota que eu gostava. Com os anos passando eu fui percebendo que eu gostava desse assunto, nisso os significados culminaram no meu livro.
Agora eu quero saber, qual foi o pior pé na bunda que vocês levaram e como vocês fizeram para superar?
Igor: Cara, meus dois amores quem deu o pé na bunda fui eu, mas na minha defesa eles tinham me dado o pé na bunda silenciosamente momentos antes, meses antes. Eu só fui a pessoa que concretizou e isso ainda é um processo bastante doloroso. Então é em certa medida os meus dois pés na bunda que eu dei eu recebi também e foram muito dolorosos. E os livros acabaram partindo desses dois términos, eu acabei transformando toda a minha dor em um momento para e a escrita fez parte desse processo de cura.
João: O pior término que eu levei eu vou contar no podcast. Mas, em resumo, o término envolve um petit gâteau que eu fui buscar para menina que eu gostava, porque ela disse que queria comer depois da aula. Eu fui andando até o Giraffas e no final ela reclamou que o estava derretido eu comecei sair com outra pessoa.
Gabie: Eu acho que o pior término da minha vida foi o cara que me pediu em casamento, viajou, para morar fora, e ele falou que não ia voltar e que me pediu em casamento só para eu não encher o saco. Essa história ela é mais triste do que engraçada. Mas o jeito que eu fiz pra superar foi transformar isso em um humor, essa é a minha tendência, transformar em piadas as coisas que acontecem.