A obra “Cinquenta Tons de Cinza”, que se transformou em um best-seller mundial, perpetua o problema da violência contra as mulheres, afirmou um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista “Journal of Women’s Health”.

A professora Ana Bonomi, da Universidade estadual de Ohio, e suas colaboradoras na pesquisa chegaram à conclusão que o abuso emocional e sexual domina o romance no qual a principal personagem feminina, “Anastasia”, sofre danos como resultado.

“Embora a violência cometida pelos parceiros afete 25% das mulheres com prejuízo para sua saúde, as condições sociais atuais – com a normalização do abuso na cultura popular através de romances, filmes e músicas – criam o contexto que sustenta tal violência”, disse o estudo.

O romance de E.L. James descreve a relação do multimilionário Christian Grey, de 28 anos de idade, e a estudante universitária Anastasia Steele, de 22, como “romântica” e “erótica”.

Ana e suas colaboradoras neste estudo, Lauren E. Altenburger e Nicole L. Walton, leram o livro e fizeram resumos dos capítulos para identificar os temas principais.

Para o estudo, usaram como definição de violência cometida por um parceiro íntimo a dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que inclui o abuso emocional através da intimidação e ameaças, o isolamento, a vigilância e a humilhação.

Na área da violência sexual a definição governamental inclui os atos e contatos forçados contra a vontade da pessoa, incluídos o uso de álcool e drogas e a intimidação.

“Este livro perpetua os padrões de abuso perigosos e, no entanto, se apresenta como uma história romântica e erótica para as mulheres”, afirmou Ana. “O conteúdo erótico poderia ter sido conseguido sem o tema do abuso”.

No romance, Anastasia sofre as reações comuns entre as mulheres que sofrem abusos, acrescentou o estudo.

A protagonista sente uma ameaça constante e uma perda de sua própria identidade, modifica seu comportamentopara manter a paz na relação quando, por exemplo, esconde seu paradeiro para evitar a ira de Christian.

Além disso, torna-se impotente e está presa na relação à medida que sua conduta se transforma em uma resposta mecânica aos padrões de abuso de Christian.

“Cinquenta Tons de Cinza”, publicado em 2011, vendeu mais de 70 milhões de exemplares. Além disso, um filme está sendo produzido com base na obra. 


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"Cinquenta tons de cinza" perpetua violência contra mulheres, diz estudo

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