Caravana Tapioca transforma escolas e unidades da Fundação CASA em palcos de encontro (Foto: Divulgação)
O espetáculo Circo Caravana, da companhia Caravana Tapioca, percorre 22 espaços, entre escolas públicas e unidades da Fundação CASA, levando comicidade, acrobacia e afeto a plateias que raramente têm contato com a linguagem circense. A circulação reafirma o compromisso do grupo em democratizar o acesso à arte e em transformar espaços improváveis em palcos de encontro. O projeto foi contemplado pelo Fomento ao Circo da Cidade de São Paulo.
Desde sua criação, em 2016, o espetáculo combina números de comicidade, malabarismo e equilíbrio com personagens excêntricos que conquistam públicos de todas as idades. A montagem já passou por ruas, praças, festivais e teatros, mas encontrou um de seus sentidos mais profundos dentro da Fundação CASA, onde circula anualmente desde 2018.
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A primeira apresentação em uma unidade socioeducativa nasceu do convite de uma professora de artes. A experiência foi decisiva. Para a artista Giulia Nina, fundadora do grupo e mestranda em Artes Cênicas pela USP, a ação mudou sua forma de pensar o papel da arte. “Apresentar para adolescentes privados de liberdade é garantir a eles um direito cultural que lhes foi negado. O riso coletivo quebra a rigidez, gera acolhimento e inspira novas possibilidades de futuro. Muitos compartilham suas histórias, cantam, dançam e se reconhecem como protagonistas da própria vida”, reflete.
O ator, palhaço e músico Anderson Machado descreve a potência desse encontro. Segundo ele, o impacto acontece tanto nos jovens quanto nos artistas. “Sempre buscamos levar o circo a lugares que não costumam receber apresentações. Quando entramos na Fundação CASA, percebemos que o efeito ia muito além da cena. A desconfiança inicial se desfaz em gargalhadas, e a rotina marcada pela rigidez se transforma em um espaço de afeto. Isso também nos transforma, amplia nosso olhar sobre a arte e sobre a sociedade”.
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As apresentações são seguidas de bate-papos que se tornam tão importantes quanto o espetáculo em si. Os jovens perguntam como é viver de arte, como lidar com os erros em cena e se é possível sustentar a vida a partir da paixão. Muitos se surpreendem ao descobrir que artistas também erram e que a falha pode ser transformada em aprendizado.
Em algumas ocasiões, esses encontros resultaram em momentos de grande impacto. Giulia relembra a vez em que um adolescente cantou um rap narrando sua história de vida, até então nunca compartilhada em sessões de terapia. “A psicóloga nos contou que aquele momento abriu um caminho de expressão. São episódios assim que mostram como o circo pode ser chave para processos de transformação”, afirma.
Outros relatos também marcaram a trajetória do grupo. Uma jovem, ao ser questionada sobre qual superpoder gostaria de ter, respondeu que desejava apenas ser feliz. Em outra ocasião, adolescentes foram convidados a “passar o chapéu” com o que tinham de mais valioso. Sem posses materiais, cada um ofereceu gestos, sorrisos e toques no coração. O chapéu devolvido ao grupo estava repleto de símbolos afetivos, experiência que os artistas carregam até hoje como o maior prêmio de sua carreira.
O riso é o fio condutor de todo o processo. Em unidades de segurança máxima, onde adolescentes chegam a viver sem acesso ao céu aberto, a palhaçaria se torna um respiro. “Quando todos riem juntos – jovens, professores, educadores e artistas – as barreiras desaparecem. O riso nos coloca no mesmo lugar e mostra que cada um pode ser protagonista da própria história”, descreve Machado. “Eles reagem como crianças, com uma alegria extrema. No começo mantêm a seriedade, mas basta a primeira palhaçada para se abrirem. É um riso que liberta”, explica.
A atuação do grupo reforça uma convicção: o circo é capaz de atravessar grades, preconceitos e barreiras sociais. Cada sessão dentro da Fundação CASA é uma troca de mundos. Para Giulia, a experiência é também uma forma de resistência. “As pessoas que estão lá são vítimas de um sistema racista, punitivista e excludente. Muitas nunca tiveram acesso a um teatro ou circo antes. Levar arte para esses espaços é afirmar que essas pessoas têm direito à cultura e ao riso, independentemente de onde estejam”, reflete.
O sonho do grupo é que cada vez mais artistas também se dediquem a levar arte para espaços de privação de liberdade. “Esse trabalho não transforma apenas quem assiste, mas também quem se apresenta. É um convite a ampliar o olhar para a sociedade, a reconhecer as desigualdades e a acreditar na potência da arte como força de mudança”, reforça Giulia.
Sobre a Caravana Tapioca e o espetáculo Circo Caravana
Fundada por Giulia Nina e Anderson Machado, a Caravana Tapioca é um grupo de circo, teatro e música com 14 anos de trajetória. O coletivo atua em diferentes contextos – de praças e sertões a unidades da Fundação CASA – sempre com a missão de descentralizar o acesso à arte e criar encontros transformadores. A companhia já foi contemplada por editais como Funcultura (PE), ProAC (SP) e Fomento ao Circo da Cidade de São Paulo, além de integrar festivais nacionais e internacionais.
Criado em 2016, Circo Caravana apresenta comicidade, malabarismo, equilíbrio e personagens excêntricos que conquistam públicos de todas as idades. A montagem já circulou em diversas cidades brasileiras e consolidou sua relevância social ao se apresentar em unidades socioeducativas, onde o riso se tornou ferramenta de diálogo, inclusão e reconhecimento.
