Brasil se tornou menos complexo para negócios, segundo índice global (Foto: Divulgação)

Fazer negócios no Brasil tornou-se mais fácil, embora o cenário nacional ainda seja marcado por diversos obstáculos de regulamentação que dificultam a acessibilidade e a transitabilidade econômica. Essa é a conclusão da 11ª edição do Global Business Complexity Index (GBCI), divulgada nesta quarta-feira, 29, pela TMF Group, líder em serviços administrativos e de conformidade regulatória.

> Siga o Virgula no Instagram! Clique e fique por dentro do melhor do Entretê!

Oferecendo uma visão completa e detalhada do cenário global de negócios, o índice abrange 79 jurisdições que representam 93% do PIB global e 88% dos fluxos líquidos globais de investimento estrangeiro direto (FDI). Ele analisa 292 indicadores anuais, desde o cenário de impostos até o desempenho da área de Recursos Humanos em cada país, fornecendo dados essenciais sobre aspectos cruciais para a realização de negócios, como tempos de incorporação, gerenciamento de folha de pagamento e benefícios, regulamentações, tributação e outros fatores de conformidade.

Panorama global: Mudanças no ranking e o impacto da geopolítica nas economias globais

Holanda, Dinamarca, Reino Unido e Hong Kong continuam firmemente entre as dez jurisdições menos complexas para se fazer negócios. A novidade deste ano é a inclusão da Jamaica na lista das dez jurisdições mais favoráveis aos negócios, subindo para a 70ª posição, em comparação com a 49ª no ano passado. Por outro lado, a Grécia lidera o índice de complexidade deste ano, enquanto a América Latina permanece como a região mais crítica, com várias de suas principais economias – incluindo Colômbia, México, Brasil e Peru – classificadas entre os 10 países mais complexos para se fazer negócios.

O panorama econômico global atual é moldado por diversos fatores interligados. Mudanças regulatórias, muitas vezes rápidas e complexas, representam um desafio significativo para empresas que operam internacionalmente. A instabilidade geopolítica, exemplificada pela guerra na Ucrânia e pelas sanções impostas, provoca disrupções nas cadeias de suprimentos e no fluxo de investimentos. Nesse contexto, algumas economias em transição se beneficiam da neutralidade em questões globais, enquanto outras enfrentam dificuldades crescentes.

“Vários estudos apontam para caminhos mais complexos que as empresas estão estabelecendo agora para reduzir o risco de suas cadeias de suprimentos e rotas para o mercado. Algumas dessas rotas levam as empresas a países com ambientes de negócios complexos. Consequentemente, nossos clientes enfrentarão uma dupla complexidade, tanto pela necessidade de expandir sua presença quanto pelos desafios adicionais de operar em mercados mais difíceis. Esse é um problema que a TMF Group está aqui para resolver como um parceiro único e confiável, ajudando nossos clientes a investir e operar com segurança em todos esses locais”, diz Mark Weil, CEO da TMF Group.

Panorama local: Complexidade tributária e esforços de internacionalização no Brasil

O Brasil saiu do primeiro lugar  em 2022 para o terceiro em 2023 e, atualmente, se encontra em sétimo lugar no Global Business Complexity Index. De acordo com o relatório, isso se deve mais ao aumento da complexidade em outras jurisdições do que a grandes mudanças internas no país. Os principais fatores de complexidade  na economia brasileira incluem a legislação tributária, caracterizada por variações locais, e a diversidade de legislações em diferentes níveis administrativos. A escolha do regime tributário ideal e o planejamento das operações são complexos pela necessidade de um profundo conhecimento local, especialmente considerando que os regimes trabalhistas e a força sindical variam significativamente em todo o país.

Há ainda preocupações internas sobre as reformas tributárias propostas na agenda do governo. Embora a reforma não deva ser radical, há receios de um possível aumento de impostos, particularmente nos setores de serviços e TI. Discussões sobre incentivos para reduzir os impostos trabalhistas e incentivar a contratação estão sendo reconsideradas, causando incertezas entre as empresas.

Apesar desses desafios, o Brasil busca expandir seu comércio global, especialmente no setor agropecuário. Esforços para ingressar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), fortalecer relações comerciais internacionais e promover a integração regional através do Mercosul estão em andamento. A ação proativa do Banco Central do Brasil para controlar a inflação sugere um cenário de maior previsibilidade econômica, com a redução do custo de capital e das taxas de inflação.

“O Brasil sempre foi um país complexo, mas temos observado um movimento significativo em direção à simplificação nos últimos anos. Esforços têm sido feitos para fomentar o investimento estrangeiro, com avanços importantes na regulamentação cambial e nas políticas tributárias. Embora ainda haja desafios, o ambiente regulatório tem se tornado menos complexo, criando um cenário mais favorável e previsível para investidores estrangeiros. Essas mudanças são cruciais para atrair capital e estimular o crescimento econômico sustentável no Brasil”, diz Carolina Secches, Diretora de Global Entity Management da TMF Group no Brasil.

Soluções práticas

Para prosperar nesse ambiente desafiador, as empresas precisam se ajustar. A tecnologia surge como uma ferramenta poderosa para impulsionar o crescimento, seja na produção, na expansão do mercado ou na melhoria da eficiência. No entanto, garantir e manter talentos qualificados é fundamental para o sucesso, e em 78% das regiões ao redor do mundo, isso é uma dificuldade. Leis trabalhistas rígidas e a falta de profissionais qualificados são alguns dos obstáculos que precisam ser superados.

“O cenário econômico global é complexo e requer que as empresas sejam flexíveis e inovadoras para se adaptarem às mudanças constantes. A tecnologia e a retenção de talentos são elementos cruciais para o sucesso, mas é essencial equilibrá-los com as realidades regulatórias e geopolíticas de cada país. No Brasil, desburocratização seria um fator principal, tanto do ponto de vista de tributos quanto de investimentos estrangeiros, e ainda há um caminho a se percorrer nesse sentido”, reforça a Diretora de Global Entity Management da TMF Group no Brasil.

As 10 economias mais complexas

1º Grécia

2º França

3º Colômbia

4º México

5º Bolívia

6º Turquia

7º Brasil

8º Itália

9º Perú

10º Cazaquistão

As economias menos complexas

70º Jamaica

71º Ilhas Virgens Britânicas

72º Jersey

73º Reino Unido

75º Nova Zelândia

76º Hong Kong

77º Dinamarca

78º Curaçau

79º Ilhas Cayman

No dia 14 de agosto, a TMF Group realizará o webinar “Projetos na América Latina: explorando o potencial de crescimento e as oportunidades de negócios”. Os interessados podem se inscrever pelo link.


int(1)

Brasil se tornou menos complexo para negócios, segundo índice global

Sair da versão mobile