Os desastres naturais têm um enorme impacto nas comunidades no mundo todo e, com as mudanças climáticas exercendo uma pressão crescente no meio ambiente, a construção resiliente surge como um elemento crucial na discussão sobre a responsabilidade ambiental. Um relatório do U.S. Green Building Council (USGBC) observa que, de 2000 a 2019, houve um aumento de 75% no número de desastres naturais em comparação ao número de eventos de 1980 a 1999.
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Nos primeiros seis meses de 2024, ocorreram enchentes que causaram mortes e deixaram milhares de desabrigados, tanto no Rio Grande do Sul, como em lugares mais distantes, como Indonésia, Afeganistão e Quênia. Os desastres naturais têm um custo humano e econômico. Só no Brasil, os desastres naturais ocorridos entre 2013 e 2023 custaram quase R$ 640 bilhões, impactando milhões de famílias e resultando em vidas perdidas.
As inundações no Rio Grande do Sul, por exemplo, levaram a um impacto econômico sem precedentes no Brasil. A economia gaúcha, que representa 6,5% do PIB nacional, deve cair 2% em vez de crescer os esperados 3,5%, com efeitos significativos em setores como agropecuária e indústria.
O governo federal brasileiro mapeou 1.942 municípios em risco de desastre natural, abrangendo 6% da população nacional. Este estudo, que ampliou significativamente o número de cidades consideradas suscetíveis a desastres, destaca que as áreas de risco são habitadas principalmente por populações pobres, vulneráveis aos impactos de deslizamentos, inundações e enxurradas.
“As mudanças climáticas estão impactando nosso mundo com consequência e frequência crescentes, e a necessidade de pensar em estratégias de resiliência no ambiente construído das cidades nunca foi tão crítica. A preparação para desastres e a recuperação destes fenômenos também são fundamentais para construir resiliência”, disse Sandrino Beltrane, Diretor de Desenvolvimento de Negócios do Green Business Certification Inc. (GBCI) no Brasil. “Implementar padrões de construção sustentável desde o início pode ajudar as comunidades a mitigarem riscos e se recuperarem mais rápido durante eventos como enchentes, calor extremo e outros desastres naturais”, completa.
Como desenvolver construções resilientes
Para reduzir impactos e riscos, as construções devem ser projetadas, construídas e operadas com o objetivo de não apenas resistir a desastres naturais, mas também se recuperar rapidamente de eventos adversos. A meta é oferecer um refúgio seguro para os ocupantes, garantir a continuidade dos negócios e aliviar a carga sobre os serviços de emergência. Eventos climáticos como ondas de calor, enchentes, furacões e nevascas pressionam gestores locais a se adaptarem às mudanças climáticas e desenvolverem planos de resiliência eficazes.
Além disso, a construção resiliente leva em conta duas estratégias principais: resistência física e sustentabilidade. A primeira refere-se a edifícios que resistem a eventos climáticos extremos, pois exigem o uso de materiais duráveis, técnicas de construção apropriadas e planejamento cuidadoso. A segunda se refere à inclusão de práticas que reduzem o impacto ambiental dos edifícios ao longo do tempo, como o uso de energia renovável, sistemas eficientes de gestão de água e resíduos, e materiais com baixo impacto ambiental.
De acordo com o relatório do USGBC, algumas ações a serem implementadas para o desenvolvimento de edifícios resilientes incluem a realização de avaliações de risco e vulnerabilidade, a implementação de soluções baseadas na natureza e infraestrutura verde em projetos, o uso de materiais duráveis e o engajamento comunitário e planejamento de emergência.
Uma das principais ações recomendadas é a realização de avaliações de vulnerabilidade climática para identificar áreas de risco e desenvolver estratégias de mitigação. Essas análises são essenciais para mapear regiões suscetíveis a eventos climáticos extremos, o que possibilita a adoção efetiva de medidas preventivas.
Programas de certificação para ajudar a abordar a resiliência
Existem diversos programas focados em melhorar a resiliência de edifícios e comunidades diante dos riscos climáticos. Essas iniciativas servem como um roteiro para chegar à resiliência, ao auxiliar na redução de riscos e menor impacto econômico para as empresas, bem como na melhoria da qualidade de vida em todos os lugares.
O LEED, criado pelo USGBC e administrado pelo GBCI, é uma certificação que promove uma abordagem holística para a construção sustentável e abrange desde o planejamento e a construção até a manutenção. Ele considera fatores essenciais como eficiência hídrica e energética, seleção de materiais, qualidade do ambiente interno e prioridades regionais.
O LEED V5, versão mais recente do LEED, tem um foco renovado em enfrentar os desafios climáticos por meio da integração da resiliência nos pré-requisitos e créditos do sistema. Uma de suas inovações mais marcantes é a exigência para realizar avaliações detalhadas da resiliência climática e desenvolver estratégias de design adaptativo, garantindo que os projetos possam se ajustar e resistir às mudanças.
Além disso, o programa Sustainable SITES Initiative (SITES) promove a resiliência ao garantir que projetos de desenvolvimento de terrenos trabalhem com a natureza e melhorem os serviços ecossistêmicos. O SITES mitiga os efeitos de desastres naturais para edifícios, campi e comunidades inteiras. As estratégias incentivadas no sistema de certificação SITES são projetadas para proteger, restaurar e melhorar os serviços ecossistêmicos por meio do controle de enchentes, evitamento de planícies aluviais, proteção e restauração de ecossistemas aquáticos, aprimoramento de habitats nativos e adoção de estratégias de infraestrutura verde. O SITES incentiva a integração de espaços verdes para combater o efeito de ilha de calor urbana.
Em uma escala maior, o programa LEED for Cities and Communities ajuda líderes locais a criarem planos responsáveis, sustentáveis e específicos para sistemas naturais, energia, água, resíduos, transporte e muitos outros fatores que contribuem para a qualidade de vida em níveis de cidade e comunidade. Mais de 300 cidades e comunidades já participam do programa, que oferece a oportunidade de avaliar as forças e vulnerabilidades distintas das comunidades existentes, o que pode ser usado para informar o desenvolvimento de um robusto plano de ação para resiliência.
Sobre o Green Business Certification Inc. (GBCI)
A Green Business Certification Inc. (GBCI) foi fundada em janeiro de 2008, com o apoio do U.S. Green Building Council (USGBC), para fornecer verificação independente de credenciais profissionais e certificação de projetos no âmbito do sistema de classificação de construção sustentável Leadership in Energy and Environmental Design (LEED).
Sobre o U.S. Green Building Council (USGBC)
O U.S. Green Building Council (USGBC) está comprometido em transformar a forma como edifícios e comunidades são projetados, construídos e operados, para criar lugares prósperos, saudáveis, equitativos e resilientes que promovem o bem-estar humano e ambiental. O USGBC lidera a transformação do mercado por meio de seu programa de construção sustentável LEED, uma oferta robusta de educação, uma rede internacional de líderes comunitários locais, a Greenbuild International Conference & Expo, o Center for Green Schools e a defesa de políticas públicas que incentivam e permitem a construção sustentável e comunidades resilientes. Para mais informações, visite usgbc.org e os canais de mídia social da organização: X (antigo Twitter), Instagram, Facebook
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