Quase metade das mulheres no Brasil já foi assediada no ambiente de trabalho. Segundo uma pesquisa da plataforma Workana, 48,4% já se sentiram perseguidas por um homem do trabalho, no entanto somente 28,8% denunciaram o caso para a chefia, por medo de serem demitidas. A campanha Me Too (Eu Também), criada no final de 2017, serviu como holofote para a situação da mulher no mercado de trabalho mundial. Mas o caminho para respeito e igualdade de gêneros nas empresas ainda é longo.
Entre as entrevistadas pelo Workana, 40,3% enfrentaram abuso de autoridade, 38,3% foram tratadas com discriminação, 19% foram assediadas sexualmente. Em alguns casos, o abuso foi registrado na entrevista de emprego. A pesquisa apurou que 58,7% das mulheres perderam o crédito de algo que fizeram para um homem e 52,6% foram julgadas pela aparência.
O total de 90% de 1,5 mil entrevistadas disseram que os homens são mais respeitados no mercado de trabalho do que as mulheres. O salário foi outro ponto levantado no estudo: 60% das mulheres ganham menos que um homem para executar a mesma função. A maioria das participantes da pesquisa tem entre 21 e 40 anos e não tem filhos.
De acordo com o especialista em gestão e liderança Renato Grinberg, o primeiro passo para evitar situações de abuso contra a mulher no ambiente de trabalho é de responsabilidade do empregador, na investigação do candidato. “Deve ligar para os últimos empregadores desse candidato e pedir referências. Nessas ligações, deve ser abordado o assédio sexual para verificar se há alguma informação anterior do profissional que seja pertinente”, disse o especialista.
O segundo passo é saber lidar com um caso de assédio entre funcionários. “É preciso que os gestores reúnam todas as informações e fatos antes de tomar qualquer decisão. Se o assédio for comprovado, a empresa deve demitir o funcionário e reforçar para todos que esse tipo de comportamento é intolerável”, explicou Grinberg. O debate constante do assunto em palestras e encontros corporativos é uma medida preventiva e ajuda as vítimas a denunciarem.