(Por Fabiana de Carvalho) – Em 2000, o então webdesigner Luca Lauri fez um estágio na agência Razorlight, em Nova York. Foi onde conheceu uma nova categoria para a qual foi migrando e que, hoje, é o foco do seu trabalho. "A Arquitetura de Informação é uma etapa anterior ao design, capaz de tornar os projetos mais consistentes e melhorar a navegação", resume. Dono de uma empresa de consultoria em A.I., a Athome, ele aposta no crescimento do mercado no país, à medida que as empresas começam a se tornar mais profissionais em sua relação com a internet.

"Pequenas e inexperientes empresas ainda não têm muita consciência, mas quem está na web já há algum tempo sabe que é cada vez mais essencial a presença de um arquiteto de informação para que um site tenha sucesso". Mais do que simplesmente desenhar um site, esse profissional tem a missão de transmitir o perfil de uma empresa ao seu público alvo, sempre da maneira mais simples e fácil possível. "É preciso "se embrenhar" mesmo, descobrir tudo que o cliente tem a oferecer. O trabalho envolve muita pesquisa de usuário, de marketing, de relacionamento. É bem mais complexo do que simplesmente planejar um site prático e que funcione direito", acrescenta.

Mais ou menos na mesma época em que Luca estava em Nova York, Bruno Vitola Maggioni começou a lidar com A.I. em uma das maiores produtoras web do país, a carioca Medialab (que depois virou MLab e Neoris). Atuando como designer para sites de grande porte, ele acabou sentindo falta de alguém que concatenasse melhor comunicação, interface e arquitetura. "Me envolvi em arquitetura principalmente por necessidade", admite.

Com o tempo, acabou se estabelecendo de vez nessa área, da qual não pretende se afastar. "As novas tecnologias (Ajax, Flash etc) estão quebrando as restrições de interface do HTML e possibilitando o desenvolvimento de projetos muito mais interessantes. Além disso, os sites não dependem mais de um único banco de dados, as informações não estão mais presas em um formato rígido e podem ser transportadas e reorganizadas das mais diversas maneiras e isso exige um projeto de arquitetura muito mais estruturado", empolga-se.

Trabalho e recompensa

Por tanto envolvimento e empenho, o tempo de contrato e o valor pago a um arquiteto de informação costumam ser maiores do que os de um designer. Mas, como Luca frisa, o volume de informações e a dedicação exigida também são. Segundo o professor Calil Mohamed Farra Filho, da Faculdade Impacta Tecnologia (FIT), "Um A.I. pleno, com pelo menos três anos de experiência, tem a hora cotada entre 35 e 37 reais. Os profissionais sênior, com no mínimo cinco anos de experiência, podem chegar a faturar 8 ou até 12 mil reais por mês em cargos de gerência e diretoria".

O professor é também coordenador de Pós na FIT, uma das poucas instituições já com cursos de Arquitetura de Informação no país. A ESPM do Rio de Janeiro também oferece pós-graduação na área e cursos livres começam a surgir. Mas ainda não existe nenhum curso de graduação. Luca, por exemplo, teve as primeiras lições de A.I. em português graças a um módulo específico dentro um MBA digital realizado pela FECAP.

Conselhos

Calil e a também professora da FIT, Thais Campas, citam algumas características que os interessados devem ter para ingressar na profissão, como o perfeccionismo, a paixão e a vontade de sempre aprender e se atualizar, já que a própria internet é uma ferramenta em constante evolução. Mas eles lembram ainda que o arquiteto de informação não lida apenas com sites, mas com qualquer tipo de plataforma que envolva usabilidade digital.

O conselho da dupla é também o de Luca, que recomenda investir muito tempo em cursos e pesquisas por conta própria. "Eu sempre fui muito auto-didata, sempre li bastante, mas mesmo assim fui atrás de cursos, procuro as novidades, não paro de me atualizar". Bruno, apesar de não ter feito um curso especifico – aprendeu sobre metodologias para avaliação de usabilidade e estruturação da arquitetura de informação em um curso de extensão na PUC-RJ – também recomenda uma base técnica, com aulas sobre métodos, ferramentas e tendências da A.I.

Previsões

Mas, para quem realmente opta por esse caminho, as previsões são bastante otimistas. "A necessidade de organizar informação e o caminho do usuário até a informação vão ser cada vez maiores. E não só na web. A Arquitetura de Informação é essencial para a criação de interfaces de celulares, terminais eletrônicos e, em breve, de televisão digital", aposta Bruno.

"A profissão vai sofrer um crescimento explosivo pelo fato de que o Brasil está se tornando um dos grandes exportadores mundiais de software e serviços de T.I.", acredita o professor Calil. No entanto, mesmo assim ele faz um alerta: "O futuro sinaliza um "céu de brigadeiro" para os A.I.s. Mas, é preciso se qualificar. Daqui a um ou dois anos, não haverá mais ninguém se improvisando como arquiteto de informação. Então, para quem gostar da profissão, o momento é agora".

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Arquitetura da informação é área nova e promissora

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