Um relato poderoso e cheio de significado de uma jovem de 23 anos tem tomado a timeline de muita gente no Faceebok. O texto em que conta o que viveu durante um ano em um relacionamento abusivo e cheio de violência já tem mais de 11 mil reações, 5,2 mil compartilhamentos e mais de 500 comentários.
Corajosa, a produtora de vídeo Nane Mastrodomenico expõe não só seu rosto e história, mas prints de conversas em que é humilhada, xingada e maltratada por seu namorado/agressor. “Vadia”, “Vagabunda”, Você tá morta”, “Filha da puta” são palavras recorrentes nas mensagens do rapaz que está identificado no topo da tela como Gustavo.
“Gostaria muito de ainda ter 22 para poder apagar da minha vida o que vivi durante quase 1 ano. Pensei muito sobre se deveria escrever sobre a minha vida ou não e decidi que sim. Decido que devo colocar para fora o que tanto me atormentava e decido, de alguma forma, ajudar mulheres que passam pelo o que passei. Estou falando de relacionamento abusivo e violência contra a mulher”, afirma.
“Completou 2 meses que consegui sair de algo que nunca imaginei entrar um dia. Hoje me sinto bem e confortável para compartilhar e falar sobre isso. Me envolvi com uma pessoa aparentemente encantadora, algo típico de um agressor. Eu tinha acabado de sair de um relacionamento de 3 anos e meio. Um relacionamento de verdade. Mas só hoje percebi essa verdade e quão bem tratada e respeitada como mulher eu era”, relata.
Nane conta que foi agredida fisicamente quatro vezes e outras dezenas verbalmente e psicologicamente. “Me desculpa mãe, por ter sido fraca. Mas eu apanhei. Eu apanhei, eu fui humilhada, eu fui maltratada, eu magoei pessoas que queriam o meu bem, eu estava cega e acreditava no amor. Acreditava nas promessas e arrependimentos do agressor”, diz. “E isso se repetiu quatro vezes. Eu apanhei quatro vezes. Apertões, sacudidas, chute na barriga, soco na nuca, soco no braço, tapa na cara, jogada no chão, cuspida no meu rosto. Por ciúmes. Por paranoias que ele causava. Eu apanhei por ele imaginar coisas”, relembra.
“Eu me sentia culpada. Achava também que realmente merecia ouvir palavras e xingamentos tão sujos. Da boca dele escutei muitas coisas que tinha vergonha de contar para alguém. E então sofria calada. Eu o amava. Era vista como tonta. Vadia, Vagabunda, Maldita, Desgraçada, Filha da Puta, Biscate, Mentirosa de merda, Você tá fodida na minha mão, Que vontade de quebrar você no meio, Você tá morta. Eu realmente estava morta. Tinha morrido por dentro. Não saia para lugar nenhum, não conversava com mais ninguém. Vivia em função de uma pessoa que me maltratava”, conta.
Nane Mastrodomenico resolve, então, explicar em que situações o agressor “explodia”. “Ficava em casa para evitar briga, para ver se podia tranquilizar o meu coração. Para ver se eu poderia ser chamada de amor mais um dia e não de vagabunda. Eu era vadia por ir até a padaria, eu era uma puta por ir buscar a minha irmã no metrô 23h, eu era uma vaca por dormir e esquecer de avisá-lo, eu era uma desgraçada por ver um filme e esquecer do meu celular por algumas horas…”, explica.
A jovem ainda manda um recado poderoso para outras mulheres que se vêem na mesma situação que ela vivia dois meses atrás. “O que mais eu poderia fazer? Nada! A culpa é dele! Ele é assim e nunca irá mudar. É por isso que resolvi escrever! Pois hoje entendo e sei que milhares de mulheres passam pelo o que nunca queria ter passado. Eu tentei até me matar. Pois doía muito ouvir coisas que eu não era. Hoje me sinto ótima e leve! Eu superei. Eu quis superar! Eu abri os meus olhos de uma vez. E sim, tomei a coragem que faltava e dei queixa na delegacia da mulher. Seja forte menina! Se você passa por algo parecido, não tenha medo! Erga a sua cabeça e não esqueça da mulher maravilhosa que é!”, completa.
Confira o relato completo: