“A primeira vez que soube da Rachel* foi nas páginas policiais e nos arquivos da polícia sobre o assassinato da minha mãe”. É assim que a jornalista Leah Carroll começa o relato para o site Refinery 29 de como se tornou amiga da filha do assassino de sua mãe.
Ela conta que, na época da morte da mãe, tinha três anos. Mais ou menos a idade de Rachel. Em 2015, Leah recebeu uma mensagem da futura amiga no Facebook: “não quero ser invasiva, mas me chamo Rachel e meu pai biológico é Peter Gilbert. Se você for a pessoa que estou procurando, por favor, me escreva de volta”. Peter Gilbert e seu pai, Gerald Mastracchio Jr, eram traficantes na região de Nova York e mataram a mãe de Leah, usuária de drogas, asfixiada com uma toalha em um quarto de hotel por causa de dívidas.
Quando recebeu a mensagem, a jornalista logo retornou e justificou ao marido: “eu sinto que Rachel não é igual ao restante da família”. A conversa continuou via Facebook e Leah descobriu que a menina havia sido adotada e criada pelo padrasto.
As duas continuaram a trocar mensagens falando sobre como aquele evento mudaria para sempre suas vidas, mesmo sendo tão crianças. “Leah, não consigo tirar da cabeça como meu pai biológico mudou sua vida. Mas fico feliz que eu e você não somos tão diferentes. Também sempre me questiono quem sou e de onde vim. E me levou muito tempo para entender e aceitar o que ele fez”, escreveu Rachel.
Em quatro anos de conversas virtuais, as duas mulheres nunca se encontraram pessoalmente. Mas dividiram o tratamento de câncer pelo qual Rachel passou e a gravidez de Leah. “Rachel é uma mulher que, na verdade, eu não conheço muito, mas admiro e aprecio. Uma mulher que também era uma criança quando eu era uma criança. Uma mulher que se descobriu no meio de uma história horrível entre adultos. E, uma mulher da qual a história, de um jeito meio improvável, também faz parte da minha”, escreve Leah no fim do relato.