A noite brasileira não é mais a mesma. Se antes o mercado de casas noturnas, baladas e derivados era dominado por figuras até certo ponto excêntricas e pouco adeptas ao profissionalismo que os negócios exigem, o cenário está mudando. Surgem novos modelos de gestão de baladas, em especial com franquias e redes, e negócios que estavam dentro de um setor efêmero, quase que com data certa para fechar, passaram a ser duradouros.
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Baladas e bares normalmente começam como um pequeno negócio, e este segmento registra as maiores taxas de “mortalidade” (fechamento da empresa) segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). E no caso das baladas, que entram no setor de serviços, as porcentagens estão entre as maiores: 26,6% das pequenas empresas fecham as portas em até 5 anos.
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) compilou outro número que mostra a importância da gestão profissional: em 2019, 35% dos bares e restaurantes fecharam em, no máximo, dois anos.
Outros dados do Sebrae apontam para os gargalos do setor, em especial a falta de profissionalismo de quem entra neste mercado. Para se ter uma ideia, 46% dos empreendedores entrevistados não sabiam o número de clientes de seus negócios e nem seus hábitos de consumo; 38% não sabiam o número de concorrentes e 37% não sabiam a melhor localização para sua empresa.
E é observando e preenchendo estas lacunas que alguns negócios do setor de baladas têm prosperado, inclusive com aportes milionários de grandes instituições financeiras. O grupo Alife-Nino, que controla 21 bares e restaurantes em São Paulo, entre eles o Tatu Bola, é um dos exemplos deste novo momento da noite, mais profissional, estudioso e, consequentemente, perene e lucrativo. Em 2021, a XP Investimentos investiu R$ 100 milhões no grupo, o primeiro aporte da corretora neste setor.
“A gestão profissional tem ganhado mais força por conta do ambiente cada vez mais competitivos e nível de exigência dos clientes. Se não for assim, não é possível sobreviver por muito tempo”, diz Pedro Elero, CEO da Folks, rede de franquia de pubs sertanejos que está há oito anos no mercado e tem XX unidades em operação. A marca faturou 21 milhões em 2021 e tem como um dos sócios o cantor goiano Thiago Brava, do hit “Dona Maria”.
A aposta da Folks no franchising encontra razão nos números. A ‘taxa de mortalidade’ dessas empresas é quase oito vezes menor do que os negócios próprios. Em 2018, enquanto 23% das pequenas empresas encerravam as atividades em até 2 anos, no setor de franquias esse número cai para 3%. E o profissionalismo e a gestão estão entre os motivos destes resultados positivos.
“A franquia é um bom exemplo de que a gestão tem feito a diferença nos resultados, em um mercado insipiente como é o mercado de baladas e entretenimento. Há um padrão de excelência que deve ser seguido, setores bem definidos, treinamento e outros pontos que muitas vezes fogem da curva do setor, que costuma ser mais amador”, diz o CEO da Folks.
Softwares ajudam na tomada de decisões
Elero conta que desde o ano XX a Folks utiliza dois softwares para auxiliar na gestão de vendas, como por exemplo na identificação de tendências, e na organização financeira. Este último identifica variação de custos e ajuda na tomada de decisões em relação ao fluxo de caixa e à própria liquidez do negócio.
São ferramentas que vão justamente ao encontro dos problemas identificados pelo Sebrae quando se pensa em serviços no Brasil. Um dos softwares usados, o Lorean, controla de forma detalhada o estoque, medindo até mesmo as doses das garrafas e os desperdícios, caso sejam identificados.
“É um segmento de mudanças constantes, tanto de preços dos produtos e de fornecedores quanto das próprias demandas dos clientes, que se adaptam a determinados momentos. É um lazer e é prazeroso oferecer um entretenimento de qualidade para nossos clientes. Mas, acima de tudo, é um negócio”, completa Elero.