Uma grande instituição forma grandes homens. Um exemplo é o ex-estudante de Filosofia, que virou lenda entre os universitários: Raul Fiker, filósofo, professor, poeta, escritor e fundador do Movimento Surrealista no Brasil. As histórias abaixo, contadas por um de seus alunos (hoje ele é professor da Unesp) são capazes de traduzir um pouco do brilhantismo e das estranhezas de um dos mais ilustres pensadores formados pela Universidade de São Paulo.
Omelete de Sartre
O filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre, reconhecido como uma das mentes mais brilhantes do último século, desembarcou no Brasil no dia 4 de setembro de 1960 e ficou cerca de dois meses em território nacional. Até aí é verdade. Já a lenda conta que o nosso grande Fiker, contrário às idéias de Sartre, foi até Araraquara em uma palestra do francês e decidiu atirar um ovo na cabeça dele como sinal de protesto. E o pior (ou melhor) de tudo é que o tal do ovo acertou em cheio a cabeça valiosa do filósofo…
Você pode dar aula em português, teacher?
Além de bom de mira, Fiker também tinha currículo invejável: o cara fez até pós-doutorado e chegou a dar aulas por um tempo na Cambrigde University, na Inglaterra. Em um dia de inverno, de céu nublado, Fiker entra na classe e começa a dar aula em um inglês britânico perfeito, irreparável. Depois de uns quinze minutos falando sem parar, o professor se virou e percebeu que todos estavam atônitos. Até que um aluno não resistiu e perguntou: Professor, o senhor pode dar a aula em português? Não estamos entendendo direito o que o senhor está falando. Foi só então que ele se lembrou que já estava no Brasil há um bom tempo. Não contente, o sábio tentou explicar: Ah, é que esse céu cinzento e esse gramado verde me lembram tanto a Inglaterra…. Vai entender, né?