Muitos jovens demoram pra decidir qual profissão seguir e os jogos da infância/adolescência parecem ser o único ponto de interesse por muito tempo. Pois a profissão pode estar justamente neles. Formado em jornalismo e imerso no mundo acadêmico, o pesquisador cearense de games online Thiago Falcão explica como se tornou PHD no assunto.
De onde/como surgiu o interesse pela sua profissão?
Quando eu estava terminando a graduação em Jornalismo, precisava de um tema que fosse interessante e que me instigasse a continuar a pesquisa. Na época, muitas coisas passaram pela cabeça – a idéia inicial era estudar semiótica e ficção científica. Mas meu orientador não gostava muito do projeto original e me perguntou o que eu achava de pesquisar jogos eletrônicos. Respondi que era interessante, sim, e ele me passou prontamente um exemplar de uma dessas revistas semanais que falava do mundo virtual Second Life. Ao defender o trabalho de conclusão, entrei no programa de pós graduação em comunicação e cultura contemporânea da UFBA interessado em continuar a pesquisa. Foi quando me distanciei um pouco dos “ambientes” e me aproximei do “jogo”. Conhecer World of Warcraft foi essencial para esse passo. Defendido o mestrado – onde estudei interação em MMORPGS – adentrei o doutorado, onde estou agora, ainda interessado em jogos, mas buscando sempre ampliar meus horizontes.
Qual sua formação?
Sou bacharel em comunicação social – habilitado como jornalista. Nesse meio tempo, passei por mais duas graduações que nunca conclui: publicidade e computação. Ambas me deram noções importantíssimas pra que eu trilhasse esse caminho profissional que escolhi. Trabalhei como programador, web designer, designer gráfico e, finalmente, passei a exercer o ofício de jornalista. Isso tudo ficou meio de lado com o ingresso na carreira acadêmica, mas eventualmente freelas acontecem. Acredito que o diferencial é nunca achar que um conteúdo é desinteressante ou bobo – um comunicador, seja jornalista ou publicitário, no mercado ou na academia, deve, sobretudo, estar atento a tudo que acontece ao seu redor.
Como você entrou no mercado?
O meu ‘mercado’ é um tanto diferente, né? Contudo, por mais que se insista nas diferenças entre mercado e academia, muita gente nova hoje busca fazer a ponte da melhor forma possível. A idéia é combinar o rigor acadêmico com a inovação característica do mercado. Na academia, a idéia é encontrar um nicho e produzir (o que não nos torna muito diferente, afinal).
Que dicas você daria pra quem quer seguir a mesma profissão?
Seja um viciado em informação – proveniente de todos os formatos – e leia – muito.
Quais as coisas mais legais e as mais chatas com as quais alguém tem que lidar na sua profissão?
Coisas legais: a gente faz o que gosta. Pesquisa o que sente vontade, não interessando o que seja. Acho que esse é o diferencial. Coisas ruins: vou dizer que não consigo lembrar de nenhuma agora ;)