(Por Camila da Rocha Mendes) Esta terça-feira (4) é o último dia de votações presidenciais nos Estados Unidos. Lá, as regras permitem que cada Estado defina o seu dia de votação e 29 milhões de norte-americanos já foram às urnas no processo de votação antecipada no país. E nestes votos, afirma a rede de televisão americana CNN, a chapa democrata está à frente. Os EUA têm mais de 200 milhões de eleitores.

 

O candidato democrata é Barack Obama, tido até o momento como favorito a vencer, e seu adversário é John McCain, do partido Republicano. O democrata está à frente do republicano em cinco dos oito Estados-chave na disputa eleitoral, aponta série de pesquisas Reuters/Zogby divulgada há pouco.

 

Além disso, os eleitores americanos renovarão um terço do Senado e toda a Câmara de Representantes. Segundo as pesquisas, os democratas devem manter a maioria legislativa. Esta será uma eleição histórica: pode dar aos EUA o primeiro presidente negro, Obama, ou o presidente mais velho a ser empossado, McCain, de 72 anos.

 

Crise e desafios

 

Ganhe quem ganhe, o futuro presidente dos EUA vai assumir o comando em meio a uma crise financeira e com um pacotão de ajuda já aprovado pelo Congresso para colocar em prática. O primeiro desafio será ajustar as contas públicas. “O próximo presidente irá passar a gestão tentando ajustar a economia, sem muito espaço para inovações”, prevê Evaldo Alves, professor de economia internacional da FGV (Fundação Getulio Vargas).

 

“Os democratas são mais abertos para medidas de intervenção do Estado na economia, por isso se Obama for eleito, as expectativas são melhores”, julga o professor da FGV. Isto porque, para ele, é essencial a criação de mais regras de controle sobre o mercado.

 

Propostas

 

O desafio que se apresenta para o próximo chefe de Estado norte-americano não é pouco. Se Bush se elegeu no segundo mandato com a “obrigação” de enfrentar o terrorismo, o próximo presidente sentará na Sala Oval com a incumbência de enfrentar o monstro da crise – que a ameaça quebrar indústrias, diminuir a renda do trabalhador além de eliminar postos de trabalho. Estas eleições são importantes não apenas nos EUA, mas em todo o mundo, afinal o líder da maior economia do mundo acaba exercendo muita influência na economia global.

 

Sendo assim, o que propõe os candidatos? Obama tem um plano de incentivo econômico que inclui a criação de um fundo de US$ 50 milhões para obras de infraestrtura; eliminação de impostos para famílias e pequenas empresas e retirada de susídios e incentivos para grandes empresas, afim de equilibrar as contas públicas ( que já vão ter um gasto enorme com o pacote de US$ 850 bilhões de ajuda ao sistema financeiro). Obama também promete rever as regras do setor financeiro e ajudar os mutuários de hipotecas.

 

Já McCain, apresenta soluções para a crise como não elevar impostos e reduzir a carga tributária sobre empresas de 35% para 25%. O Republicano promete que em 2013 as contas públicas, hoje no vermelho, vão melhorar. Ele também promete congelar gastos com a Defesa (ou seja, com as ocupações em andamento no Iraque e no Afeganistão) para diminuir as despesas do governo.

 

Como é a eleição

 

Hoje se encerra o processo de voto popular. Pelas leis norte-americanas, os votos populares (ou diretos) elegem delegados para o Colégio Eleitoral, este sim, encarregado de definir o próximo presidente. Quanto mais habitantes um estado tem, mais delegados ele elege. Os delegados então votam de acordo com a vontade da maioria da população de seu estado e definem quem será o presidente.

 

Mas nem sempre é uma conta simples. As eleições de 2000 servem de exemplo. O democrata Al Gore ganhou nos votos populares, porém, após uma perturbada contagem de votos no estado da Flórida, ele perdeu no Colégio Eleitoral e foi derrotado. Ainda assim, havia dúvidas se a votação havia sido contabilizada corretamente e a decisão final foi parar na Suprema Corte dos EUA, que deu a presidência a George W. Bush.

 

Brasil: o que tem a ver com isso?

 

Os EUA são o maior comprador de produtos brasileiros, correspondem a 14% das exportações, portanto, a política de comércio exterior a ser adotada pelo próximo presidente nos interessa muito.

 

A nova gestão será favorável ao comércio livre ou adepta do protecionismo? Caso o presidente abra o comércio, diminuindo impostos e incentivando a entrada de produtos estrangeiros, além de facilitar o comércio brasileiro nos EUA ele pode incentivar outros países a seguir seu exemplo.

 

A venda de etanol brasileiro nos EUA é um dos principais pontos de discórdia entre os dois países na esfera comercial. Os EUA cobram uma sobretaxa de US$ 0,54 o barril sobre o etanol brasileiro, com a justificativa de que precisam proteger o produtor americano. O candidato republicano, John McCain, afirmou, durante debate eleitoral, ser contrário à taxação do etanol brasileiro, pois pretende incluir o produto nos EUA para diminuir a dependência do petróleo.


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Saiba mais sobre as propostas econômicas de Obama e McCain