(Por Camila da Rocha Mendes) A maioria dos especialistas acredita que a economia brasileira irá desacelerar nos próximos trimestres, em virtude da crise financeira que assola o mundo, mas um quadro mais severo não deve se instalar por aqui. Contudo, já surgem análises menos otimistas.

 

O PIB (Produto Interno Bruto) pode se contrair durante dois trimestres consecutivos no final de 2008 e no início de 2009, entrando em uma "recessão técnica", revela estudo do banco de investimentos Morgan Stanley.

 

A projeção do banco de investimento é de que a economia interna cresça apenas 2% em 2009. Porém, a análise, feita pelo economista Marcelo Carvalho, também acredita na possibilidade de que as coisas piorem ainda mais e o crescimento da economia brasileira seja nulo. "Um número próximo de zero não pode ser descartado", afirmou o economista na nota, acrescentando que o Brasil "pode cair em uma recessão técnica nos próximos trimestres". Carvalho argumenta que o recente crescimento brasileiro foi fortemente apoiado em corte de juros facilitados pelo fortalecimento do real, que ajudou a desacelerar a inflação nos últimos anos.

 

Mas desde o começo de 2008 a situação está se revertendo: o real caiu mais de 20% frente ao dólar e o BC já elevou a taxa de juro para 13,75% ao ano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros e internos na economia real se reduzem, contraindo a produção industrial. O juro alto torna o investimento muito caro e pouco atrativo, isto porque para o investidor vale mais a pena aplicar na renda fixa – que paga 13,75% – do que arriscar colocar seu dinheiro na construção de uma fábrica, por exemplo.

 

Indicadores

E a produção industrial já reflete os efeitos da crise no país. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial brasileira cresceu 0,8% em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, no menor ritmo desde dezembro de 2003, quando a expansão foi de 0,3%. No confronto com setembro, a atividade industrial diminuiu 1,7%.

 

O crescimento da indústria ficou muito abaixo do que esperavam os analistas econômicos, que projetavam expansão de 2,7% em relação a outubro do ano passado e recuo de 0,3% em comparação com setembro.

 

O levantamento do IBGE apontou ainda que 15 dos 27 ramos analisados tiveram queda na produção na passagem de setembro para outubro. As categorias mais prejudicadas foram "produtos químicos" (-11,6%), "refino de petróleo e produção de álcool" (-9%) e "máquinas e equipamentos" (-5,2%). 


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Produção industrial já sofre abalos e banco projeta recessão no Brasil

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