(Por Camila da Rocha Mendes) Em meio à turbulência da crise financeira global e da proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o prêmio Nobel de Economia, anunciado nesta segunda-feira (13), foi concedido a um ferrenho crítico da administração Bush.

 

O ganhador é Paul Krugman, 55 anos, professor de Economia e Relações Internacionais na Universidade de Princeton, nos EUA, que mantém uma coluna no jornal americano "New York Times". Além de escrever no "NYT", ele é autor do livro "A Desintegração Americana – EUA Perdem o Rumo no Século 21", no qual afirma que os Estados Unidos perderam o rumo em meio a desilusões com economia, má liderança e mentiras.

 

A Academia concedeu o prêmio Nobel a Krugman pelo desenvolvimento de uma "nova teoria que explica quais são os efeitos do livre-comércio e globalização e as forças por trás da urbanização global". O colunista e professor já era cotado há tempos para levar o prêmio (de US$ 1,4 milhão).

 

Modéstia à parte

 

No blog que mantém na página do "NYT", Krugman publicou uma nota, de uma linha, com o título "An interesting Morning" ("Uma manhã interessante"). "Uma coisa engraçada aconteceu comigo nesta manhã…", diz o post, que tem um link para o anúncio oficial de que ele venceu o Nobel de economia.

 

O economista disse que não esperava levar o prêmio. "Eu corri para tomar um banho, para poder participar da conferência de imprensa. Chamei minha mulher e liguei para meus pais. Não consegui ainda nem tomar café", disse, segundo a agência de notícias Reuters.

 

A teoria de Krugman

 

A teoria de Krugman, segundo a academia da Fundação Nobel, explica porque o comércio é dominado por países que não apenas têm condições similares, mas que comercializam produtos similares.

 

"A abordagem de Krugman está sustentada na premissa de que muitos bens e serviços podem ser produzidos de modo mais barato em uma longa série, em um processo conhecido como economia de escala.", explica a academia, em comunicado.

 

"Os consumidores demandam um fornecimento variado de bens. Como resultado disso, a produção em pequena escala para um mercado local é substituída por uma produção em larga escala, onde as empresas com produtos semelhantes competem umas com as outras", diz o comunicado.

 

A crise atual

 

Krugman foi um dos primeiros economistas a prever que uma bolha se formaria no mercado imobiliário nos EUA, o que poderia ocasionar a crise que assola o mundo atualmente. Há anos ele já defendia uma maior atuação dos órgãos reguladores do mercado financeiro, postura que está sendo agora adotada em diversos países – entre eles os EUA. Para ele, o governo Bush ajudou a provocar o atual colapso por sua aversão a regulamentações e por sua política fiscal indisciplinada.

 

Em uma entrevista à BBC, Krugman disse que medidas anunciadas por vários governos europeus nas últimas duas semanas – injetando bilhões no sistema bancário – superaram suas expectativas.

 

Segundo ele, era necessário conseguir mais capital para os bancos e oferecer garantias para empréstimos interbancários, medidas que estão no centro do plano de resgate acordado entre líderes dos 15 países da chamada zona do euro (que adotaram o euro como moeda), durante encontro no fim-de-semana.

 

O que é o prêmio Nobel?

 

O Prêmio Nobel foi instituído por Alfred Nobel, químico e industrial sueco, inventor da dinamite. Ele deixou em seu testamento o desejo de premiar os talentos que ajudam a promover o bem da humanidade e, após a sua morte, as premiações começaram a ocorrer.

 

Dono de um gigantesco império industrial, Nobel deixou, ao falecer em 1896, uma grande fortuna destinada à criação de uma fundação que deveria financiar, anualmente, cinco grandes prêmios internacionais nas áreas de: Física, Química, Medicina e Literatura. Seu testamento especificava também um prêmio para quem mais se empenhasse em prol da paz e da amizade entre as nações. Em 1969, foi acrescentado mais um prêmio, para as Ciências Econômicas.

 

A cerimônia de premiação é realizada anualmente em Oslo, Noruega, e em Estocolmo, Suécia, no dia 10 de Dezembro, aniversário da morte do seu criador.

 


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Prêmio Nobel de Economia vai para crítico de Bush

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