(Por Gabriel Codas) A preocupação com os impactos da crise financeira internacional no país, e com a inflação sob controle, fez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central adotar uma linha mais agressiva ao cortar em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, que agora é de 12,75%. Essa foi a maior redução nos últimos cinco anos.
O corte superou as expectativas de analistas, que esperavam até 0,75 ponto percentual. Por outro lado, desagradou diversos setores, como centrais sindicais, além representantes de setores como indústria e comércio, que defendiam um corte ainda mais agressivo.
Mas, o que de fato é o Copom? Para que ele serve e como a decisão de ontem afeta a sua vida?
O Copom foi criado em junho de 1996 com o objetivo de determinar as diretrizes da política monetária do país e definir a taxa de juros. A idéia foi baseada em comitês semelhantes existentes em países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, além da União Européia. As decisões são discutidas por um grupo de diretores, o que tornam elas mais transparentes.
No Brasil, as reuniões do comitê acontecem a cada 45 dias, sempre em dois dias, com a primeira sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. O Copom é formado pelos oito membros da diretoria colegiada do BC e é comandado pelo presidente da autoridade monetária, no caso, Henrique Meireles. Sem direito a voto, fazem parte das discussões chefes de departamentos, consultores, o secretário-executivo da diretoria, o coordenador do grupo de comunicação institucional e o assessor de imprensa.
A taxa de juros no Brasil é chamada de Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que representa a remuneração que o detentor do dinheiro cobra para conceder um empréstimo. O governo determina uma taxa básica que norteia a economia brasileira e os negócios com títulos públicos registrados no Banco Central. Cortes nos juros dão ânimo para economia, já que diminuem o custo para obtenção de financiamentos.
No entanto, a redução tem impacto menor e menos imediato na vida das pessoas e na economia real, que são norteadas pelos juros aplicados pelos bancos. Para conceder o crédito ao consumidor final, as instituições precisam considerar em seus cálculos os impostos e inadimplência, além de pensar em seus lucros. As reduções nos juros anunciadas pelos bancos na noite de ontem serão aplicadas até a próxima segunda-feira, mas vão acontecer em uma escala bem menos intensa do que o corte realizado pelo BC.
