Nem sempre dá para escolher a profissão da melhor forma. Decidir aos 17 anos qual faculdade vai cursar pode implicar uma opção errada, e depois? Tarde demais para mudar de área? Calma, não é bem por aí. Muitas vezes ainda há outra alternativa para se dar bem.
Mudar de carreira depois de um tempo no mercado de trabalho pode dar um novo gás, mas tem que ter muito cuidado. Nem sempre a mudança vai dar certo de imediato. Pra não se arriscar tanto as dicas são mudar de área dentro da mesma empresa, ou continuar com dois empregos durante algum tempo. “Comecei a ir só duas vezes por semana ao trabalho”, é o exemplo de Dago Donato, que desistiu aos poucos da carreira de jornalista para abrir a casa noturna Neu, em São Paulo.
Dago é um dos caras que seguiram seu sonho. Formado nas faculdades de Jornalismo e Rádio e TV, via na carreira uma forma de trabalhar com sua verdadeira paixão. “Trabalhar com jornalismo era só uma forma de trabalhar com música”, conta Dago que já escreveu para a Rolling Stone e Folha de S. Paulo. Mas paralelamente à carreira de jornalista, Dago mantinha uma vida noturna quase profissional. Durante cinco anos ele organizou festas e discotecou em casas noturnas de São Paulo.
Quando a carreira de jornalista já não satisfazia – mesmo que pagasse as contas – ele percebeu que era hora de se dedicar ao sonho. “Não queria mais seguir a pauta de uma gravadora ou de um editor que não entendia nada de música”, conta. Foi aí que se juntou a alguns amigos e parceiros de discotecagens com a idéia de abrir a casa noturna.
Um passo desses não pode ser dado no escuro. De nada adianta mudar de área e se arrepender depois porque não deu certo. “Não foi aventureiro, já tinha o nosso público. A gente já sabia como funciona a noite, como funciona uma casa noturna. Já tinha o know-how, só não tinha investido ainda”, ressalta Dago.
A ruptura com o emprego “original” veio depois da exaustão. Trabalhar no horário comercial durante a semana e tocar até altas horas da madrugada às quintas e sextas e ainda ter que aguentar viagens no final de semana para cobrir shows e festivais não era moleza. O acúmulo de tarefas acabou levando Dago até ao hospital. Uma “transição” de profissão um pouco pesada, mas são os ossos do(s) ofício(s)…
Depois de oito anos trabalhando no TramaVirtual, ele ainda não se sentia pronto para abandonar o barco. “Difícil falar ‘acabou, vou para outra’. Eu tinha um carinho pelo projeto”, conta Dago. Começou a trabalhar duas vezes por semana no emprego “corporativo” para se dedicar à nova casa. Mas não era o bastante, ele queria mesmo o sonho que já se tornava realidade.
Agora Dago se sente realizado com o trabalho. “Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Sempre fui uma pessoa noturna, tinha problemas em chegar cedo ao trabalho. Agora eu acordo a hora que eu quiser, entro no trabalho só de noite”, conta o feliz sócio da Neu. “Minha vida mudou muito, e acho que foi para melhor. Se dá saudades do jornalismo eu vou atrás de fazer algum freela. Mas hoje nem em blog eu escrevo mais”.
Mas claro que você não deve mudar de carreira só porque bodeou do seu chefe, ficou com sono numa segunda-feira ou quer balada todo final de semana. Essa mudança deve vir de um amadurecimento pessoal, uma decisão mais coerente com o seu estilo de vida, com as suas preferências e aspirações.