(Por Camila da Rocha Mendes) – Na medida em que a crise financeira se agrava, mais setores da economia real (onde estão os empregos, os consumidores e as empresas) começam a revelar sinais de fraqueza. Nos Estados Unidos, um dos pólos industriais que mais gerou riqueza nas últimas décadas está à beira do colapso: o automotivo.
As três maiores montadoras de carros – GM (General Motors), Ford e Chrysler – se uniriam para pedir aos senadores norte-americanos uma ajuda de US$ 25 bilhões, mas ainda não se sabe se os políticos irão dar ouvidos ao apelo.
“Sem um apoio financeiro imediato, a Chrysler não terá dinheiro suficiente para manter suas operações", alertou o presidente da empresa. "Precisamos salvar a indústria americana de um colapso catastrófico", afirmou o presidente da General Motors.
Na véspera, democratas do Senado haviam se oposto a um plano que destinaria 25 bilhões de dólares à combalida indústria automobilística em empréstimos garantidos pelo governo. Dessa vez, o Senado norte-americano não foi mais receptivo ao receber os executivos. O senador Richard Shelby, republicano do Estado do Alabama e membro do comitê, classificou as montadoras de "modelos fracassados" e afirmou que eles deveriam ter a falência decretada.
A falência de qualquer uma das três maiores montadoras dos EUA pode ter conseqüências dramáticas, pois elas são responsáveis por quase três milhões de empregos diretos e indiretos no país.
Dificuldades no setor
A GM foi a primeira a revelar perdas no último trimestre e a anunciar demissões. Agora, a crise atinge também suas concorrentes. A maior montadora japonesa, a Toyota, vai parar por dois dias sua produção em todas as fábricas nos Estados Unidos e Canadá, em decorrência da redução da demanda nas regiões, anunciou nesta quarta-feira (19) a empresa.
A crise no setor começa a ultrapassar fronteiras e outra montadora japonesa também sofre com o recuo no consumo mundial. A Nissan deve ter lucro zero no semestre segundo avalia seu presidente Carlos Ghosn. Sua par francesa, a Renault, também sob o comando de Ghosn, deve registrar problemas no balanço do período também.
Brasil
Por aqui, GM, Ford e Moto Honda já deram férias coletivas a seus empregados – uma forma de reduzir a produção sem medidas mais drásticas – e algumas fabricantes de auto-peças foram obrigadas a seguir o exemplo. Isto porque, a menor demanda das montadoras acabou afetando os negócios periféricos do setor.