(Por Gabriel Codas) Durante os seis primeiros meses do ano passado, o mercado internacional de créditos de carbono movimentou 1,8 bilhão de toneladas. Esse montante representa 38 bilhões de euros em cotas de dióxido de carbono (CO2), ou R$ 114 bilhões. Isso representa um crescimento de 41% do mercado mundial em relação ao ano anterior.
Os números foram divulgados pela Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA), durante a Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática, no mês passado em Poznan, na Polônia.
O que são créditos de carbono?
Os créditos de carbono, também conhecidos por Redução Certificada de Emissões (RCE), são certificados expedidos por agências de proteção ambiental quando ocorre a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa. Cada tonelada de CO2 corresponde a um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado internacional. Eles também podem ser usados para financiar projetos de redução de carbono, como iniciativas de reflorestamento. No entanto, outros gases poluentes também podem ser convertidos em créditos de carbono.
Esse negócio surgiu com a preocupação dos países que fazem parte da ONU com o meio ambiente. Em reunião realizada em dezembro de 1997 nasceu o Protocolo de Kyoto. O documento assinado determinou que os países desenvolvidos reduzissem a emissão de gases entre 2008 e 2010. No entanto, para evitar problemas para a economia dessas nações, o protocolo estabeleceu que parte dessa redução de poluentes pudesse ser feita por meio da negociação com outros países.
União Européia concentra 70%
A União Européia concentra hoje a maior parte das operações de créditos de carbono, totalizando cerca de 70%. Os Estados Unidos, que não assinaram o protocolo, não estão inseridos neste mercado. No entanto, empresas americanas têm a alternativa de comercializar reduções de emissões nos chamados mercados voluntários, como a Bolsa do Clima de Chicago.
O sistema de créditos de carbono é bastante criticado por organizações não-governamentais (ONGs). Elas entendem que esse modelo autoriza os países mais ricos de comprarem o direito de poluir, sem buscar uma redução efetiva na emissão de gases poluentes. Por isso, a conferência da ONU quer agora estabelecer um novo protocolo pós-Kyoto. O assunto será discutido em uma reunião em Copenhague, na Dinamarca, ainda em 2009.