(Por Camila da Rocha Mendes) Em tempos de crise a discussão sobre a importância de um crescimento econômico sustentável ganha força. George Soros, megainvestidor e megaespeculador, já declarou que pretende investir em produtos “verdes”, ou seja, que prezam pela sustentabilidade.
Em entrevista para uma rede de TV norte-americana, o húngaro naturalizado americano Soros afirmou que "Os negócios verdes podem ser o novo motor da economia mundial". Ao ser questionado sobre o que é preciso fazer para combater a atual crise financeira, Soros disse que, além de lidar com o rombo das hipotecas e recapitalizar os bancos, é preciso investir em soluções para o aquecimento global. Como reduzir o consumo, diminuir a dependência do petróleo e apostar em uma matriz energética mais limpa.
"Nos últimos 25 anos o motor da economia mundial tem sido o consumo dos americanos, que gastaram mais do que pouparam, certo? Só que esse motor mudou. Esse motor está sendo desligado. Acabou, não pode continuar mais. Precisamos de um novo motor. E temos um grande problema, o aquecimento global, que requer muito investimento. E este pode ser o motor da economia mundial nos próximos anos.", afirma Soros na entrevista.
Inclusive o candidato à presidência dos EUA John McCain já disse em debate eleitoral que pretende retirar os impostos de importação sobre o etanol brasileiro, caso seja eleito.
Sendo assim, de olho no potencial de crescimento das energias alternativas, o megainvestidor diz que aposta no etanol brasileiro. Com uma fortuna estimada em US$ 8,5 bilhões, Soros é famoso por sua habilidade em farejar novas tendências de negócios e está lançando o livro "The New Paradigm for Financial Markets: The Credit Crisis of 2008 and What It Means" (em tradução livre, "O Novo Paradigma para os Mercados Financeiros – A Crise de Crédito de 2008 e o que Ela Significa"), que logo estará disponível no Brasil e vale a leitura.
Mas, a crise pode afetar a produção de etanol
Se no longo prazo os biocombustíveis – como o etanol – parecem ser a solução para um uso mais eficiente de energia, no curto prazo a produção deles pode estar ameaçada. Essa é a opinião de Thomas Friedman, reconhecido colunista de economia do jornal norte-americano “The New York Times”. Ele explica que a atual crise levou a uma queda na demanda mundial por petróleo e isso já se refletiu nos postos de gasolina dos EUA. Lá, o litro da gasolina já caiu para US$ 0,77, o menor valor em quase um ano. Ou seja, os consumidores devem se apegar ao preço baixo dos derivados de petróleo e ter mais resistência em usar outras fontes de energia.
Além disso, os biocombustíveis, que ainda não estão comercialmente muito disseminados, precisam de investimentos e pesquisa, o que fica mais difícil em tempos de escassez de crédito – quando os bancos reduzem empréstimos, cautelosos por conta da crise. Friedman, no entanto, é a favor do desenvolvimento de energias alternativas e diz que torce para que o próximo presidente dos EUA se junte ao time dos “verdes”.
Para entender a importância da energia eficiente e da sustentabilidade
Além do livro de Soros, outra dica de leitura é a obra "Ecoeconomia – uma nova abordagem", do economista Hugo Penteado, que analisa a grande contradição da teoria econômica tradicional: a noção de que o crescimento econômico pode ser infinito, em um planeta cujos recursos naturais são finitos.
Nesta segunda-feira (27), o economista participa de bate-papo, às 12h30, onde relaciona a atual crise e seus desdobramentos às políticas de sustentabilidade no site www.bancoreal.com.br/sustentabilidade
