(Por Camila da Rocha Mendes) O número de famílias endividadas ficou estável entre setembro e outubro, na cidade de São Paulo, fixando-se em 53%, segundo a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), porém, o endividamento dos jovens aumentou.

 

Na divisão por faixa etária, a pesquisa revela que entre os consumidores com idade de 18 a 34 anos, 57% estão endividados enquanto os acima de 35 anos correspondem a 49%. A análise segmentada por sexo e idade mostra que as mulheres estão mais endividadas que os homens: 56% e 50% respectivamente.

 

A Fecomercio espera que o nível de endividamento dos consumidores paulistanos ainda continue em um patamar favorável em virtude do aumento da massa de rendimentos, expansão do crédito, pagamento da 1ª parcela do 13º salário e reajustes salariais.

 

Cuidado com o cartão de crédito

 

O cartão de crédito continua sendo o vilão para 45% dos consumidores. “Observamos que o cartão de crédito é o que mais influencia o consumidor a contrair dívidas”, observa Kelly Carvalho, economista da Fecomercio. Ela explica que a facilidade de acesso a esse tipo de crédito leva muita gente a adquirir um cartão e se apoiar nele para comprar através de parcelas. Os jovens, que geralmente têm uma renda menor e por isso sofriam restrições, agora aproveitam as facilidades dadas pelos bancos para também ter o seu plástico. Antes, porém, de ter um cartão de crédito, vale a pena pesquisar as taxas cobradas, que variam bastantes entre os bancos, lembra a economista.

 

Kelly aconselha o uso inteligente do cartão: “é importante manter um controle dos gastos para não perder a noção e levar uma surpresa com a fatura”. Para tanto, é preciso manter os gastos dentro do limite de crédito imposto pelo banco e, mais do que isso, não comprometer mais do que 30% da renda mensal. “Os gastos mensais devem levar em conta todas as parcelas”, alerta a economista. Outra dica importante é a de quitar o valor total da fatura na data de vencimento, evitando pagar apenas o valor mínimo, pois o juro cobrado é pesado.

 

A taxa que incide sobre o cartão é em média de 12% ao mês. Se a dívida se acumula, o consumidor irá pagar juro em cima de juro, o que leva a uma taxa anual de cerca de 220%, “postergar a dívida pode virar uma bola de neve”, adverte Kelly.

 

Planejamento é essencial

 

Para evitar que a dívida se torne um problema, o ideal é fazer um planejamento financeiro. “Coloque no papel qual é a sua renda e quais são seus gastos e calcule se é possível assumir uma dívida antes de comprar por impulso”, aconselha a economista. Ela ainda chama a atenção para o final do ano, que exige cuidados extras: “a proximidade do Natal aumenta o apelo comercial, com muitas promoções e propagandas, portanto, pense duas vezes antes de comprar”.

 

Além disso, explica Kelly, planejar-se é tão importante quanto poupar, pois algum imprevisto pode surgir. No próximo ano esse cuidado é essencial, já que ameaça de uma forte desaceleração em todo o mundo pode ocasionar desemprego e diminuição da renda no Brasil. Kelly também aconselha a pedir ajuda da família, “pais podem dar uma mão para definir prioridades e montar uma planilha de orçamento”, argumenta.

 

Mas, e se a dívida já foi contraída?

 

Se você já engrossa o time dos endividados, o conselho é tentar aproveitar o pagamento de 13º e férias para reduzir o débito. Se a dívida é com o cartão de crédito, Kelly recomenda usar outro tipo de empréstimo ou o cheque especial para zerar a fatura. “O juro cobrado no cartão é o mais alto do mercado. Alguns empréstimos cobram entre 3% e 5% ao mês, contra 12% do cartão”, justifica.


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Jovens são os mais endividados entre paulistanos - se você está nessa, saiba como agir

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