(Por Camila da Rocha Mendes) O Japão, segunda maior economia do mundo, anunciou nesta segunda-feira (17), que entrou em recessão ao apurar queda do PIB (Produto Interno Bruto) pelo segundo trimestre consecutivo.
No terceiro trimestre de 2008, o (PIB) do Japão recuou 0,1% em comparação com o segundo trimestre, e 0,4% no cálculo anual, em conseqüência da crise financeira que derrubou os investimentos das empresas. As companhias japonesas foram muito impactadas pela queda da demanda norte-americana e pelas dificuldades em obter financiamentos dos bancos, cada vez mais desconfiados e cautelosos diante das turbulências.
No segundo trimestre de 2008, o PIB japonês diminuiu 0,9% em relação ao período precedente, segundo os números revisados publicados nesta segunda-feira. Para entrar oficialmente em recessão, a economia de um país precisa "encolher" por dois trimestres seguidos.
"Estes dados revelam que a economia entrou em recessão. Existe o risco de que a situação piore ainda mais", afirmou o ministro de Política Econômica e Orçamentária, Kaoru Yosano. Desde 2001, o Japão não registrava dois trimestres consecutivos de retração no PIB.
EUA serão os próximos
Os economistas previam um crescimento quase nulo para a economia japonesa no terceiro trimestre: a projeção era de uma leve alta de 0,1% sobre o segundo trimestre, de acordo com uma pesquisa do jornal Nikkei.
O anúncio de recessão segue o dos países da Europa que adotaram o euro como moeda única, que também anunciaram o segundo trimestre seguido de retração na sexta-feira pela primeira vez desde que o grupo foi criado, em 1999. A maioria dos economistas prevê que a próxima economia a engrossar o time será a norte-americana.
Cautela das empresas
Com a crise, as empresas japonesas colocaram o pé no freio e deixaram de investir. O recuo do PIB japonês no terceiro trimestre pode ser explicado pela queda de 6,7% em ritmo anual, e de 1,7% em comparação ao trimestre anterior, dos investimentos em capital das empresas.
A maioria das empresas japonesas diminuiu gastos e deixou de construir novas fábricas ou adiou a compra de maquinário, já que previam uma queda de demanda nos Estados Unidos, que é o principal mercado consumidor das exportações japonesas. As exportações no terceiro trimestre aumentaram levemente em +2,8% , em ritmo anual, assim como o consumo interno, que subiu 1,0%.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) acredita que o quarto trimestre será ainda recessivo no Japão, com um recuo estimado do PIB de 1,0% (em taxa anual). Para 2009, o prognóstico é de que o ano feche com queda de 0,1% no PIB.
Como o mercado já previa uma recessão no país, a Bolsa de Tóquio não reagiu negativamente ao anúncio oficial e fechou a segunda-feira em leve avanço de 0,71%.