(Por Gabriel Codas) Desde a última segunda-feira (26) o Brasil passou a exigir prévia de importação (LI) para quase todos os produtos comprados pelo país do exterior. A medida, de acordo com representantes do setor, aumenta a burocracia no processo e pode atrasar em até 60 dias a entrada de mercadorias em território nacional.

Na prática, o governo quer que a maior parte dos produtos comprados pelo país no exterior precise de uma autorização prévia para entrar no Brasil. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, explicou que a decisão é técnica, já que foi registrada uma diferença nas estatísticas de comércio exterior apuradas pelo Ministério do Desenvolvimento e pelo Ministério da Fazenda. As informações são da Agência Brasil.

Entre as mercadorias afetadas estão trigo, plásticos, cobre, alumínio, ferro, bens de capital, material eletroeletrônico, autopeças, automóveis e material de transporte em geral, entre outros.

Por outro lado, o economista e ex-secretário da Câmara de Comércio Exterior, José Roberto Mendonça de Barros, aponta a decisão do governo como um retrocesso e que mostra a insegurança do governo pela volta do déficit comercial.

“Não tem nada de bom nisso. Se a intenção é evitar o déficit, é um absurdo, já que é um problema da crise internacional. Se o caso é estatística, é a mesma coisa que usar uma bomba atômica para matar tico-tico. Mas se for política econômica, mostra que eles não entenderam a evolução do comercio exterior do Brasil”, disse Mendonça de Barros ao blog da jornalista Mirian Leitão.

No entanto, em uma rápida consulta com fontes ligadas a empresas de comércio exterior, a preocupação atinge também os exportadores. Muitos deles podem ter dificuldades para produzir, já que parte das matérias-prima é importada. Outro risco é retaliações ao governo e problemas nos organismos internacionais de comércio, porque essa barreira pode ser considerada ilegal. Essa política havia sido abandonada no início dos anos 90.

Até o dia 16 de janeiro, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, havia registrado exportações de US$ 7,54 bilhões e importações de US$ 8,19 bilhões, o que representou um saldo negativo de US$ 645 milhões para o período. Em dezembro passado o superávit foi de US$ 2,3 bilhões.  


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