(Por Camila da Rocha Mendes) Mais um escândalo surge em meio à crise para demonstrar que muitos executivos do mercado financeiro de fato se aproveitaram da liberdade do mercado para lucrar com irresponsabilidade. O acusado da vez é Bernard Madoff, dono de um fundo de investimentos e ex-presidente da Nasdaq, a principal bolsa de Nova York em que são negociadas ações de empresas de alta tecnologia.

 

Madoff montou um esquema, que está sendo apontado como um dos mais graves casos do tipo, que repassava dinheiro entre seus clientes, sem de fato estar ganhando no mercado financeiro. Explica-se: ele prometia ganhos altíssimos para os clientes que aplicassem em seus fundos, pagando investidores mais antigos com o dinheiro investido por novos aplicadores. Madoff foi preso na última quinta-feira (11), mas solto sob fiança de US$ 10 bilhões. O esquema, que se assemelha a uma pirâmide financeira, pode chegar a uma fraude de US$ 50 bilhões, uma das maiores na história dos Estados Unidos, e acarretar em perdas muito maiores para os envolvidos.

 

Bancos ao redor do mundo

 

Nesta semana vieram à tona informações de que as falcatruas afetaram importantes bancos multinacionais. Entre os mais atingidos estão o Santander, o HSBC e o Royal Bank of Scotland, além de várias instituições financeiras francesas. O Santander já veio a público informar que seus clientes que apostavam em fundos hedge (que investem agressivamente em ações, mas prometem proteção do capital) podem ter perdido até 2,33 bilhões de euros. O banco espanhol investiu cerca de 17 bilhões de euros.

 

Segundo matéria do jornal Financial Times desta segunda-feira (15), o rombo no HSBC pode chegar a 1 bilhão de euros. Já o Royal Bank of Scotland estima suas perdas em torno de 446 milhões de euros.

 

O maior banco francês, o BNP Paribas, pode ter perdido até 350 milhões de euros e o segundo maior banco italiano, o UniCredit, foi prejudicado em 75 milhões de euros. As instituições financeiras compravam cotas dos fundos administrados por Madoff ou então emprestavam dinheiro a megainvestidores que desejavam aplicar nos negócios do ex-presidente da Nasdaq.

 

O calote também atingiu o Japão. A companhia Nomura Holdings informou na segunda-feira que tem 27,5 bilhões de ienes (US$ 302 milhões) em negócios relacionados a Madoff, mas estima que o impacto em seu capital deve ser limitado.


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Ex-presidente da Nasdaq monta esquema de fraudes bilionárias