(Por Camila da Rocha Mendes) Em decisão inédita, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) baixou a taxa básica de juros do país para o menor patamar da história norte- americana. Em comunicado o Fed explicou que a medida foi tomada para promover a volta do crescimento econômico. Outras medidas como a compra de papéis hipótecários, também pretendem aquecer e recuperar a economia para superar a crise existente.
O Fed definiu a nova taxa interbancária para uma faixa de zero a 0,25%, trazendo virtualmente os Estados Unidos para a política de taxa zero que o Japão usou por seis anos na luta contra a deflação. Com o juro básico, que é usado em empréstimos entre o banco central e os bancos comerciais e serve de balizador para outras taxas cobradas no sistema, a patamares tão baixos o Fed terá de procurar ferramentas novas de política monetária na luta contra a recessão e a pressão que empurra os preços rumo à deflação.
América Japonesa
No final dos anos 1980, o Japão adotou a taxa de juros quase nula para combater a falta de crescimento da economia. A semelhança com a medida anunciada nos EUA assustou o prêmio Nobel Paul Krugman, que escreveu em seu blog: “Isto é política de taxa de juros zero. E aconteceu. A América ficou japonesa. Isto é a coisa da qual eu tenho medo desde que realizei que o Japão estava na temida, possivelmente mítica armadilha de liquidez… A sério, estamos numa enrascada profunda. Sair dessa vai exigir muita criatividade, e talvez alguma sorte também”.
Dólar no Brasil
Para o Brasil, a decisão deve contribuir pouco para reduzir a pressão sobre o real. Antes da crise se agravar, muitos investidores aplicavam no país em operações de arbitragem, para ganhar com a diferença entre o juro norte-americano e o brasileiro. Porém, o crash financeiro diminuiu o volume de investimentos assim como as exportações brasileiras, e menos dólares entram na economia interna. Por isso, nem mesmo a enorme diferença – de 0% contra 13,75% – entre as taxas dos dois países contribuiria para valorizar a moeda brasileira, dizem analistas.