(Por Camila da Rocha Mendes) “Estamos no momento mais agudo da crise”, definiu o ministro da Fazenda Guido Mantega, em entrevista à imprensa, nesta tarde. “O Brasil não está imune à crise, mas está menos fragilizado”, defendeu Mantega, que também esclareceu que o País não tem ativos podres como os Estados Unidos e a Europa.
Ainda que o País esteja menos fragilizado em termos macroeconômicos, o mercado de ações brasileiro reagiu de forma bastante intensa às notícias sobre o mercado financeiro nesta segunda-feira (6), registrando o pregão mais tenso dos últimos meses. As negociações chegaram a ser interrompidas por duas vezes e a queda ultrapassou 15%, fazendo jus à primeira afirmação do ministro da Fazenda.
No entanto, os ânimos se acalmaram e a Bovespa diminuiu o ritmo de perdas no final da sessão. Ainda assim, a Bolsa terminou em forte baixa de 5,4%, aos 42.101 pontos. O dólar, por sua vez, disparou e fechou a R$ 2,20, alta de 7,63%, na maior variação percentual diária desde 15 de janeiro de 1999.
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O noticiário financeiro de hoje revelou que a crise já ataca duramente a Europa. O banco alemão Hypo Real State recebeu uma injeção de 50 bilhões de euros, ao passo que o belga-holandês Fortis foi comprado pelo francês BNP Paribas. O colapso de tais instituições demonstra que os problemas vão além do mercado norte-americano e a perspectiva de uma recessão mundial alimentou o pânico nos mercados.
Ao mesmo tempo, analistas ainda estão bastante reticentes em relação ao pacote de ajuda financeira nos EUA, sancionado pelo presidente George W. Bush na semana passada. Como o pacote ainda não foi posto em prática, não se sabe até que ponto ele será eficiente.
Medidas para prevenir maiores danos
No Brasil, o Banco Central (BC) interferiu no mercado de câmbio com leilão de swap cambial tradicional, uma medida que busca aumentar a oferta de dólares com o objetivo de controlar a disparada da moeda norte-americana. O BC também anunciou que irá comprar títulos "de primeira qualidade" de bancos brasileiros no exterior com compromisso de repassá-los novamente às instituições financeiras no futuro, com o objetivo de minimizar o impacto da crise externa sobre a oferta de crédito no Brasil.
Plano internacional
Na Europa, líderes das maiores economias do continente estão contato para discutir um pacote de ajuda. Mesmo diante da mobilização dos membros da União Européia para conter os desdobramentos da crise, investidores se demonstraram temerosos quanto ao futuro do bloco econômico e as Bolsas amargaram quedas históricas.
Nos EUA, o Federal Reserve (Banco Central norte-americano) anunciou maiores facilidades para que os bancos do país possam realizar operações financeiras como empréstimos. A Bolsa de Nova York limitou sua queda no final do pregão, depois de ter chegado a perder cerca de 800 pontos, numa sessão dominada pelo agravamento da crise financeira que se estendeu à Europa. O índice Dow Jones perdeu 3,58% e fechou a 9.955 pontos, abaixo de 10.000 pontos pela primeira vez em quatro anos.