(Por Camila da Rocha Mendes) Os indícios cada vez maiores de que a crise deixa o mercado financeiro para se instalar na economia real (onde estão os empregos, a indústria, o comércio e a população) preocupam investidores na medida em que, a cada dia, novos dados são revelados. Em discurso feito hoje na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington, o presidente George W. Bush avaliou que os EUA estão em uma "crise financeira séria", que ultrapassou Wall Street. Segundo ele, no entanto, as medidas de resgate do setor financeiro são "grandes e ousadas o suficiente para funcionar", mas levarão algum tempo para surtir efeito.

 

Neste contexto, a sexta-feira (17) aponta para mais um dia de forte volatilidade nas Bolsas, que reagem a notícias do mundo corporativo e do mercado imobiliário dos Estados Unidos, centro das turbulências vistas no último ano.

 

Empresas no Brasil já são afetadas

 

No Brasil os resultados de três grandes empresas revelam os estragos que a alta do dólar provocou. Aracruz, Klabin e VCP (Votorantim Papel e Celulose), todas do mesmo setor, divulgaram prejuízos no terceiro trimestre. A Aracruz teve um prejuízo de R$ 1,642 bilhão entre julho e setembro. A VCP perdeu R$ 586 milhões no mesmo período. A Klabin encerrou o terceiro trimestre deste ano com prejuízo líquido de R$ 253,14 milhões.

 

A Aracruz havia realizado operações no mercado futuro de dólar, apostando que a moeda iria seguir uma tendência de baixa. Já a VCP tinha dívidas vinculadas à moeda norte-americana, que aumentaram muito, acompanhando a cotação do dólar. Já a Klabin, foi afetada pelo aumento de custos valorados em dólar.

 

GM demite nos EUA

 

Nos EUA, dados sobre a construções de casa demonstram que o mercado imobiliário ainda está muito fragilizado. De acordo com o Departamento de Comércio norte-americano, as obras recém-iniciadas caíram 6,3% em setembro e ficaram em um ritmo anual de 817 mil unidades, o mais baixo em 17 anos. No cenário corporativo, a GM (General Motors) anunciou a demissão de 1.600 funcionários. A empresa explicou que deverá reduzir a produção, uma vez que as vendas de veículos recuaram, e por isso, precisa cortar pessoal.

 

Ao mesmo tempo, nesta sexta-feira, pesquisa feita junto aos norte-americanos revelou que a população já assimila os efeitos da crise. O levantamento, realizado pela Universidade de Michigan, apurou que a confiança de consumidores recuou de setembro para outubro. O resultado é preocupante, pois, a desconfiança pode levar a uma redução no consumo – setor que corresponde a cerca de 70% da atividade econômica dos EUA.

 

Mercados

 

As Bolsas demonstram bastante instabilidade nesta sessão, refletindo as incertezas quanto ao futuro da economia mundial. No momento, tanto a Bovespa quanto as Bolsas norte-americanas apresentam desvalorização moderada, mas chegaram a subir mais cedo. No final da manhã, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caía 0,65%; o índice Dow Jones, que engloba as principais ações da Bolsa de Nova York, recuava 0,60%; já o Nasdaq, índice de ações do setor de tecnologia dos EUA, descia 1%.


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Bolsas operam sem tendência definida, em meio a notícias preocupantes de empresas