(Por Camila da Rocha Mendes) A tensão que ronda os mercados financeiros se agrava novamente neste começo de semana e provoca perdas intensas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
As negociações no mercado de ações brasileiro foram interrompidas, por duas vezes somente nesta segunda-feira (6). Por volta das 11h40, a Bolsa caía 15,06%, aos 37.814 pontos, quando o pregão foi suspenso. A sessão havia sido interrompida na primeira vez às 10h18, após o Ibovespa atingir 10,09% de queda. O pregão ficou parado meia hora, das 10h18 às 10h48.
A segunda interrupção foi prolongada por uma hora até às 12h44 e quando a sessão foi retomada a Bovespa seguia caindo cerca de 15%. De acordo com comunicado da Bovespa, exclusivamente para hoje, o próximo limite de baixa será de 20%, e as negociações ficarão suspensas até às 16h30. Ou seja, caso o mercado chegue ao limite estabelecido, investidores terão somente 30 minutos para realizar negociações, pois a Bolsa fecha às 17h.
Circuit Breaker
O sistema eletrônico de negociações possui um dispositivo automático, chamado de “circuit breaker”, que pára as negociações quando o recuo é superior a 10%. A segunda pausa é realizada quando a queda supera 15%. Esta é uma medida que tem como objetivo acalmar investidores, numa tentativa de conter as perdas do pregão. O sistema foi acionado pela última vez no dia 29 de setembro, por 30 minutos.
Contaminação da crise
As tensões se agravam com evidências de que a crise no sistema financeiro, iniciada nos Estados Unidos, já contaminou outros países. Embora o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush tenha sancionado na última sexta-feira (3) a lei que autoriza o pacote de US$ 850 bilhões para socorrer a economia do país, investidores seguem desconfiados.
A medida deve ser eficaz para evitar maiores quebras entre bancos, mas a economia real dos EUA, assim como da Europa, vem apresentando indicadores ruins. No Brasil, agentes do mercado já diminuíram suas projeções de crescimento para a economia interna em 2009.
Hoje, as notícias que concentraram a atenção de investidores vieram da Europa. Instituições financeiras que já haviam apresentado problemas na semana passada precisaram ser socorridas às pressas nesta manhã. O banco belga Fortis foi arrematado pelo BNP Paribas em uma transação auxiliada pelo governo da Bélgica, enquanto o governo alemão assumiu uma postura ainda mais ativa, ao comprar a Hypo Real State Holding por um montante de € 50 bilhões.
Tais medidas de ajuda financeira evidenciam que a crise financeira não está restrita a Wall Street, anulando o otimismo em torno da aprovação do pacote anti-crise no Congresso dos EUA.
Dólar
O clima de aversão ao risco também afeta o câmbio interno. Em sintonia com a valorização do dólar ante as principais moedas do globo, o real também perde valor. O dólar comercial é cotado a R$ 2,162 nesta manhã, forte acréscimo de 5,67%.