(Por Camila da Rocha Mendes) – Os sucessivos anúncios de pacotes governamentais para salvar a economia, feitos ao redor de todo o mundo, parecem estar surtindo efeito. Não um efeito prático, uma vez que a maioria deles ainda está no papel, mas moral. Ou seja, investidores voltaram a ter confiança nos mercados após as medidas estatais divulgadas e as bolsas retomaram os movimentos de alta.
No plano internacional, a notícia de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama irá promover incentivos fiscais de US$ 310 bilhões como parte de um plano de US$ 775 bilhões para recuperar a economia do país, ao lado da expectativa de que a Alemanha (maior economia européia) também divulgue um plano semelhante, deram ânimo aos mercados internacionais.
Bolsas empolgadas
Na Ásia, as bolsas fecharam a sessão desta terça-feira (6) na sétima alta consecutiva, enquanto no Brasil, o pregão segue em seu segundo dia de avanço, acumulando alta de mais de 3%. O ânimo observado no mercado de ações reflete um sentimento de que o pior já passou. O mundo financeiro vê uma luz no fim do túnel em virtude dos esforços de governos para conter as turbulências.
No Brasil, destaque para o desempenho das ações da Vale, que têm grande peso no Ibovespa –índice mais importante da bolsa paulista. O minério de ferro, principal produto comercializado pela Vale, deve sofrer uma redução de produção na China, o que beneficia a mineradora brasileira.
O petróleo atingiu nesta terça-feira o maior valor em um mês, acima de US$ 50 o barril, com a intensificação dos ataques israelenses a Gaza e também pela disputa entre Rússia e Ucrânia sobre o preço do gás, que levanta temores sobre interrupção no fornecimento para a Europa. A valorização do petróleo influi na segunda ação mais importante do Ibovespa, a da Petrobras, que sobe com a expectativa de aumento na receita proporcionado pelo óleo mais caro.
Mas os problemas continuam surgindo
Cabe ressaltar que o mundo continua em forte desaceleração econômica. O que alivia os mercados é a expectativa de que essa onda de problemas seja menor do que se esperava.
Entre os indicadores divulgados por aqui, destaque para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, que terminou o ano com alta de 6,16%, a maior desde 2004 quando o indicador marcou 6,56%.
Além disso, a indústria brasileira amargou em novembro a queda mais acentuada da produção em mais de 13 anos, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A Pesquisa Industrial Mensal demonstra que houve recuo na produção em 21 dos 27 ramos pesquisados em novembro, na comparação com o mês anterior. A principal influência veio da indústria automobilística, cuja produção caiu 22,6%.
Novos problemas também aparecem no cenário externo. A venda de automóveis nos Estados Unidos teve o pior desempenho em 2008 num período de 16 anos, levando muitos economistas a crer que o desemprego no setor automobilístico seja o maior desde o período do pós-guerra. Na Ásia, a Toyota informou que fechará fábricas no Japão por 11 dias.