(Por Camila da Rocha Mendes) Após as turbulências ocorridas no ano passado, o paulistano começa 2009 com cautela quando o assunto é comprar. É o que indica a Pesquisa do Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) e o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio). Em janeiro houve uma queda de 5 pontos percentuais em relação ao número de famílias endividadas no município de São Paulo, passando de 50% em dezembro para 45%, enquanto a confiança retraiu 2% em relação ao mês anterior e alcançou 124,4 pontos, o menor índice desde novembro de 2005, quando atingiu 117,3 pontos. A confiança recuou pela quarta vez consecutiva.

Segundo a Fecomercio, a queda dos indicadores se deve pelas expectativas negativas dos consumidores devido à crise financeira internacional, o que gera cuidado para a aquisição de novas dívidas ou financiamentos e principalmente, em relação à confiança futura. Adicionalmente, no que diz respeito à redução do nível de endividamento há a combinação da redução da oferta de crédito para financiamento de veículos novos e usados e também o 13º salário no final do ano passado, uma vez que os consumidores tendem a pagar com esses recursos adicionais as dívidas em atraso.

ICC – confiança

O ICC varia de zero a 200 pontos, indicando pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima desse patamar, e é composto por dois indicadores: o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e o Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). No mês analisado, o ICEA – que registra como o entrevistado percebe a sua situação atual – apresentou baixa de 0,1% em relação a dezembro (118,5 pontos). Já a percepção em relação ao futuro, contemplada pelo IEC teve queda de 3,1% em relação a dezembro e atingiu 128,4 pontos.  Contudo, como os índices estão acima de 100 pontos, o sentimento geral ainda é otimista.

A entidade ressalta que em relação às condições atuais, é natural que os consumidores melhorem seu ânimo no início do ano, devido à sazonalidade do período, uma vez que há possibilidades de novas contratações e principalmente pelo 13º salário.

“Entretanto, existem evidências que essas quedas consecutivas já são uma tendência de retrações futuras em face aos desdobramentos do cenário internacional”, adverte o comunicado da Fecomercio.

Análise por faixa etária e sexo

Na análise segmentada, os homens estão mais otimistas em relação às mulheres (127,8 pontos contra 121,3 pontos respectivamente). Vale destacar também, que os consumidores com idade superior a 35 anos estão menos confiantes e em janeiro atingiram baixa de 4,9%, no ICC (120,7 pontos). Entre os paulistanos da faixa etária inferior a este patamar houve queda de 1,8% no ICC, (128,6 pontos). 

Endividamento

De acordo com a pesquisa, entre os consumidores com rendimento de até 3 salários mínimos, 43% têm algum tipo de dívida. Na faixa de renda de 4 a 10 salários, 45% estão endividados, enquanto famílias que ganham mais de 10 salários mínimos o percentual de endividamento alcançam 51%.

A análise segmentada por sexo mostra que entre as mulheres, 46% possuem algum tipo de dívida contra 45% no grupo dos homens. Já na análise por faixa etária, o levantamento revela que 45% dos consumidores com idade entre 18 e 34 anos estão endividados enquanto os acima de 35 anos correspondem a 46%.

O cartão de crédito continua sendo o principal vilão para 43% dos consumidores, seguido pelos carnês (30%), crédito pessoal (9%), cheque especial (3%), cheque pré-datado (3%) e crédito consignado (2%).

Para os próximos meses, os níveis de endividamento e inadimplência dos consumidores dependerão basicamente, da intensidade dos reflexos da crise financeira sobre a economia brasileira, avalia a pesquisa.

 


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Ano começa com consumidor desconfiado, aponta pesquisa