(Por Camila da Rocha Mendes) A alta do dólar não deve pressionar somente importados, mas também produtos que utilizem componentes trazidos de fora, como é o caso dos celulares. Os fabricantes de aparelhos deverão repassar os custos de importação, mas até o final do ano a expectativa é de que os preços de celulares permaneçam estáveis, avalia Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria que realiza pesquisas no segmento de telefonia.

 

Ele explica que o encarecimento dos celulares não vai acontecer imediatamente, uma vez que muitos aparelhos já estão nos estoques das lojas e boa parte das encomendas foi feita antes da disparada da moeda norte-americana.

 

Diferenças no comércio

 

O presidente da Teleco ressalta que existem diferenças entre um telefone móvel comprado numa loja de eletrônicos e aquele adquirido diretamente nos pontos de venda das operadoras.

 

As operadoras costumam subsidiar os aparelhos, ou seja, absorvem parte do custo para reter o consumidor como assinante de seus serviços. Já as lojas, que vendem aparelhos desbloqueados, cobram o valor total do aparelho. Portanto, como as operadoras terão que lidar com um custo maior, elas podem ser as primeiras a ajustar preços. “Porém o grau de repasse vai depender do quanto os consumidores estarão dispostos a pagar”, alerta Tude. O aumento da competição entre as operadoras pode neutralizar parte deste ajuste.

 

A liberação da portabilidade numérica já permite que o consumidor mude de operadora com mais facilidade. Além disso, a entrada em operação da Oi em São Paulo e da Vivo no Nordeste deve acirrar ainda mais a concorrência no final do ano, o que pode incentivar as operadoras a arcar com os custos maiores, ao invés de repassá-los ao cliente, a fim de manter as vendas. “Pode ser que no Natal ocorra algum aumento, mas não será na totalidade do comércio”, avalia Tude. Já para 2009, a expectativa é de elevação dos preços de aparelhos celulares.

 

Mercado em ascensão

 

Apesar da crise internacional, que traz perspectivas de alta do dólar e de retração no consumo em geral, a Teleco prevê um mercado aquecido para a telefonia móvel até o final do ano. Segundo as projeções da consultoria, o Brasil deve terminar 2008 com mais de 150 milhões de celulares, estabelecendo um novo recorde de adições. “O crescimento recorde do celular em 2008 tem sido estimulado por um acirramento da competição entre as operadoras”, analisa a Teleco.


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Alta do dólar não deve encarecer celulares até o final de 2008

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