Quem cursa faculdade de Turismo não vira turista, e sim turismólogo. Essa é a piadinha mais manjada pra quem trabalha na área, mas também é uma confusão que muita gente faz. Conversamos com a turismóloga Ariela Soares, que contou sobre como é trabalhar diretamente com a diversão das pessoas e quase nunca poder se divertir também.
De onde/como surgiu o interesse pela sua profissão?
Surgiu há 10 anos, quando ainda estava cursando o 1º ano do ensino médio. O curso de Turismo era novo no interior de São Paulo e despertava atenção por se tratar de um tema em expansão no Brasil e muito promissor.
Como você se preparou para exercê-la?
Realizei o curso de Tecnologia em Turismo na Faculdade SENAC de Turismo e Hotelaria de Águas de São Pedro, cumpri os estágios em São Carlos e Araraquara e, concluída a faculdade, mudei-me para São Paulo em busca de oportunidades e para continuar os estudos com uma pós-graduação na USP. É importante manter-se atualizado com as notícias da área, ler publicações e participar de eventos e palestras.
Como você entrou no mercado?
Meu primeiro emprego foi em uma agência de viagens no centro de São Paulo, onde fiquei por seis meses. Foi através de indicação, como aconteceu posteriormente com as minhas outras experiências, no Rio Quente Resorts, São Paulo Convention & Visitors Bureau e agora na Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado e São Paulo. Hoje, depois de seis anos de formada, continuo atuando na área e tenho intuito de direcionar minha carreira para a área de Eventos, Projetos e Gestão Pública.
Que dicas você daria pra quem quer seguir a mesma profissão?
Primeiro analisar o mercado sob a ótica do profissional de Turismo, que tem como concorrentes profissionais de diversas áreas como Administração, Educação Física, Marketing e Vendas etc. Houve um enxame de cursos de Turismo, inclusive profissionalizantes. Acredito que o turismólogo não é valorizado e a profissão tem competências muito operacionais, cargas horárias excessivas (período noturno, finais de semana, feriados), além de ser mal remunerado.
Outro fator a considerar é que turismólogo não é turista, como muitos pensam. O profissional do Turismo presta serviços para o turista, é bem diferente. É preciso também estar atento aos assuntos atuais e globais, que influenciam diretamente a atividade. Depois de considerar estes fatores, se a vocação falar mais alto, aí sim persistir e seguir em frente. O mercado está cada vez mais competitivo, como em todas as profissões, mas há chances para os dedicados. Humildade é a palavra-chave para quem está começando.
Quais as coisas mais legais e as mais chatas com as quais alguém tem que lidar na sua profissão?
Como contras, cito, por exemplo: trabalhar enquanto todos se divertem e depender de comissão (no caso dos agentes de viagens). A vantagem de trabalhar nesta área é poder participar de eventos diversos, viajar para representar a empresa e conhecer novos lugares e pessoas. O networking é muito importante e o Turismo, neste aspecto, é bem integrado. A amplitude da área, que ramifica-se para diversos segmentos: agências e operadoras, hotelaria, cias aéreas, museus, associações, locadoras de veículos, restaurantes, eventos, docência, entre outros; pode ser considerada como vantagem se formos identificar oportunidades de trabalho, mas desvantajoso se pensarmos na falta de foco e especialização.