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Em 1933, a escritora, diretora, tradutora, jornalista e militante política Patrícia Galvão, a Pagu, publicou o livro Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo. O romance proletário, como definiu a própria autora no subtítulo da edição, aborda a vida de mulheres trabalhadoras no início do século XX, em uma reflexão sobre as condições de classe e gênero principalmente.

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A peça que estreia agora, dia 9 de dezembro de 2022, no Centro Cultural São Paulo, idealizada pela diretora Gilka Verana – uma adaptação para o teatro, a partir do livro – leva o mesmo nome da obra de 1933, e mergulhou no trabalho de Pagu para atualizar o debate sobre a participação feminina atual nos cenários cultural e social brasileiro. A temporada, toda ela gratuita, segue até dia 18 do mesmo mês, com apresentações de terça a domingo.

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O livro faz um retrato da cidade de São Paulo da década de 1930 e expõe de forma crua as condições de abandono e exploração no cotidiano das mulheres trabalhadoras. “A obra de Pagu tem como temas principais a luta de classes e as mulheres operárias. Na peça, quis criar uma conexão com nosso tempo, a São Paulo que vivemos e também trazer um olhar para o protagonismo feminino no enfrentamento das mazelas produzidas pelo capitalismo”, revela Gilka Verana sobre a adaptação da peça feita por ela.

Com uma equipe 100% feminina, o espetáculo revisa assuntos denunciados por Pagu há quase 90 anos: o machismo, a exploração da mulher, o assédio sexual no trabalho, a violência doméstica, a desigualdade de classe e gênero, o racismo estrutural. “São pautas hoje amplamente discutidas, mas que já estavam em ebulição na época e foram apontadas por Pagu a partir de um ponto de vista feminino e feminista.”, coloca Gilka.

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A diretora conta que a peça lida com as questões políticas e sociais do romance proletário de Pagu e também com a materialidade poética de sua escrita. Para Gilka, Pagu faz denúncias sobre a situação feminina em diferentes classes sociais, tanto no ambiente social quanto no privado. “Pagu critica também a feminilidade que performa para agradar ao patriarcado e o feminismo elitista. Ela não apazigua. Ela nos faz confrontar e nos apropriarmos dessa discussão ao mesmo tempo que abre os caminhos para refletirmos sobre nossa condição atual enquanto mulheres, trabalhadoras e artistas”, revela a diretora.

 

Serviço

De 9 a 18 de dezembro; de terça a sábado às 20h e domingo às 19h.

Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho

Rua Vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo, SP

Gratuito – retirada de ingresso uma hora antes

Duração: 135 minutos | Indicação: 16 anos


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Parque Industrial, romance de Pagu, ganha temporada gratuita no CCSP