Com uma linha autoral caracterizada por histórias mudas, repletas de animais e com humor surreal, Gustavo Duarte está lançando Shorts, que traz seis histórias curtas.
O trabalho se junta à bibliografia do autor, que é composta por CÓ! (2009). Taxi (2010), Birds (2011), Monstros! (2012), Chico Bento – Pavor Espaciar (2013) e a reedição de CÓ! e Birds (2014).
Com material lançado grandes editoras dos Estados Unidos como Marvel, DC Comics, Dark Horse e Boom! Studios, Gustavo assinou trabalhos de personagens como Guardiões da Galáxia, Rocket Raccoon, Lockjaw, Bizarro e Detetive Chimp.
Qual foi a primeira vez que ao publicar por uma editora grande sentiu que seria um divisor de águas na sua carreira?
Gustavo Duarte – Acho que “divisor de Águas” não é bem o termo pra mim. Acredito, sem dúvida, que ao publicar na Marvel e DC, você atinge uma grande quantidade de gente não só no Brasil, como nos Estados Unidos e no mundo. E isso é algo muito forte e legal. Algo que aconteceu aqui no Brasil também quando fiz a história do Chico Bento e quando publiquei meu primeiro livro pela Dark Horse nos EUA.
A cada trabalho para essas editoras, seja com os meus personagens, ou com os deles, eu acredito que chego a públicos diferentes e isso é importante para o que eu faço e para a minha carreira. Mas não acho que foi um divisor de águas e passei a ser visto de outra maneira. Ainda faz parte de um trabalho de formiguinha que tem muito para acontecer até eu poder enxergar que existiu uma real mudança. Mas sem dúvida nenhuma, trabalhar para essas editoras me abriu portas e levou não só o meu trabalho como eu para mais lugares.
Sente-se parte de uma cena? Que características vê como as mais marcantes da sua geração?
Gustavo – Não sei se sou parte de uma cena. Pelo menos não me sinto parte. Acho que sou parte de uma geração que tem corrido atrás de fazer quadrinhos. Seja aqui dentro do país ou fora. Sempre existiu gente produzindo no Brasil. Mas acho que agora, com a facilidade e democratização dos meios digitais, tanto na produção quanto na divulgação, isso gerou mais gente correndo atrás de fazer o que gosta e acredita. Isso talvez seja a característica mais marcante.
Que nomes da nova safra de HQ BR mais gosta e indica?
Gustavo – Da minha geração, gosto muito do trabalho de vários amigos, como Edu Medeiros, Rafa Albuquerque, Mateus Santolouco, Fábio Moon, Gabriel Bá, Lu e Vitor Cafaggi, entre outros. Na geração mais nova tem muita gente boa também, como o João Montanaro, Felipe Nunes, Felipe Portugal e o Pedro Cobiaco.
O quadrinho antes marginalizado salvou a indústria do cinema e tem um papel fundador na cultura geek e nerd que hoje são nichos poderosos, qual acha que é a próxima fronteira a ser conquistada?
Gustavo – Acho que o quadrinho já está em todos os lugares. Apesar de existir essa imagem de marginalizado, por parte de muitos, é cultura pop. Um bom quadrinho é uma história bem contada. Algo que existe há mais de 100 anos e vai continuar sempre existindo e influenciando todas as outras formas de cultura.
Que dica daria a um iniciante?
Gustavo – A dica mais óbvia para tudo. Leia, estude, escreva, desenhe… Como diria Tim Maia: “Vale mais, quem sabe mais”
Gustavo Duarte lança Shorts
Créditos: Gustavo Duarte/Divulgação