Detalhe Pietrina Checcacci, Dinheiro, das série O povo brasileiro (1967) – Foto: Jaime Aciolo
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, inaugura a exposição Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70, na Grande Galeria do edifício Pina Contemporânea. A exposição reúne 250 obras de mais de 100 artistas, muitas delas expostas juntas pela primeira vez, proporcionando uma visão abrangente sobre a arte do período.
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Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, a mostra se divide em temas que remontam aos grandes acontecimentos do período, como o surgimento da indústria cultural, a ruptura democrática e transformações sociais de diversas ordens. Podem ser vistos trabalhos de Wanda Pimentel, Romanita Disconzi, Antonio Dias e muitos outros. O público poderá ainda vestir e experimentar os famosos parangolés de Hélio Oiticica.
Em um contexto de industrialização e turbulências políticas – Guerra Fria e ditadura civil-militar –, a produção artística nacional lida de maneira contestadora e irreverente com a massificação da cultura promovida pela televisão e os grandes veículos da imprensa e da publicidade. A partir da década de 1960, uma série de tendências figurativas internacionais ganham espaço no debate artístico nacional. Dentre essas tendencias está a Arte Pop, original do Reino Unido, mas que ganhou fama nos Estados Unidos por meio de figuras célebres com Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Jasper Johns e Robert Rauschenberg. Entretanto, enquanto esses artistas trabalhavam a linguagem em um contexto de país desenvolvido, industrializado, e com uma produção massificada, artistas brasileiros lidavam com um cenário de subdesenvolvimento e desigualdade em que tinham de elaborar o trauma de uma sociedade oprimida pelo regime militar.
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“A exposição lida com um momento da história do país que ainda hoje ressoa em nosso cotidiano. Olhar para essa produção é importante para entender o início da arte contemporânea entre nós, e também as questões disparadoras de muitos dos debates da atualidade. E, diante da reunião dessas obras, podemos entender a força coletiva dos artistas de uma geração que trabalhou para denunciar, protestar e sonhar com uma nova sociedade”, afirmam os curadores.
Sobre a exposição
O interesse dos artistas pela rua, fruto do desejo de ocupar espaços mais diversos e menos institucionalizados, marcou uma série de eventos nos últimos anos da década de 1960 e no início dos anos 1970. Entre eles, figura o “Happening das Bandeiras”, realizado em 1968 na Praça General Osório, em Ipanema, no Rio de Janeiro, que reuniu artistas como Nelson Leirner, Flávio Motta, Hélio Oiticica, Carmela Gross e Ana Maria Maiolino. Na ocasião, eles expuseram bandeiras serigrafadas em praça pública promovendo uma ocupação coletiva do espaço público, em busca de um acesso mais amplo e democrático para as artes visuais. O conjunto de bandeiras originais abre a exposição na Grande Galeria.
Na sequência, há trabalhos que tratam de uma indústria cultural em formação no Brasil, exibindo estrelas da música popular brasileira, graças aos festivais televisivos, em meio à febre da corrida espacial, que transformou astronautas em “ícones pop” e transmitiu imagens ao mundo do grande marco histórico que foi a chegada do homem à Lua. Grandes nomes do período estão reunidos, como Nelson Leirner, com seu altar para o rei Roberto Carlos, na obra Adoração (1966), Claudia Andujar, que fotografou Chico Buarque em 1968, Flávio Império, que retratou Caetano Veloso em Lua de São Jorge (1976), o artista popular Waldomiro de Deus, com seus foguetes característicos, Claudio Tozzi, com as obras Bob Dylan (1969), Guevara (1967), além de seus astronautas que marcaram a iconografia da pop à brasileira.
O desejo de rua e as rupturas
As restrições impostas pela ditadura civil-militar foram retratadas nas produções artísticas por meio de diferentes estratégias formais, poéticas e políticas. Na exposição, estão reunidas caricaturas de generais, presentes nas obras de Humberto Espíndola, Antonio Dias e Cybele Varela, desenhos dos presos políticos da coleção Alípio Freire, pertencentes ao Memorial da Resistência, registros fotográficos que Evandro Teixeira realizou na emblemática passeata dos 100 mil, além de trabalhos que procuraram intervir diretamente no contexto político, como as garrafas de coca-cola de Cildo Meireles, que compõem a obra Inserções em circuitos ideológicos (1970), e as trouxas ensanguentadas (1969) de Artur Barrio. Além disso, o tema da criminalidade também permeava as produções artísticas do período. Frente ao estado opressor, figuras de marginalidade foram evocadas como estratégia subversiva, contestando a moral e as leis. Dentre elas, destacam-se uma cena de crime pintada por Paulo Pedro Leal ainda no início dos anos 1960, o filme Natureza (1973) de Luiz Alphonsus e o clássico A bela Lindonéia (1967), de Rubens Gerchman.
O gesto pop se apropria ainda do imaginário da cidade, por meio de signos e códigos urbanos. É o caso de trabalhos como Marlboro (1976), em que Geraldo de Barros transforma restos de outdoor em pinturas, e as superfícies estruturadas com restos de acrílico e latão de Judith Lauand (Sem título, 1972). Na área central da galeria, estão reunidos trabalhos que expressam a disputa pelo espaço público. Setas, semáforos, festividades e proposições coletivas ganham centralidade nas obras. Buum (1966), de Marcelo Nitsche, Totém de interpretação (1969), de Romanita Disconzi, Lateral de ônibus (1969), de Raymundo Colares, e os emblemáticos parangolés de Hélio Oiticica, apresentados pela primeira vez há exatos 60 anos, na mostra Opinião 65, realizada no MAM-Rio, podem ser vistos pelo público. No caso de Oiticica, o visitante poderá, literalmente, experimentar os Parangolés, vestindo-os no espaço expositivo.
A década de 1960 também foi palco de uma revolução sexual fruto de eventos históricos como Maio de 68, na França, e o movimento hippie nos EUA. No núcleo sobre desejo e sexualidade, estão obras de artistas que pensaram as mudanças do estatuto da sexualidade no Brasil, atravessadas também pela cultura de massa. É o caso Wanda Pimentel, com sua série Envolvimento (1968), Teresinha Soares com A caixa de fazer amor (1967) e Antônio Dias em Teu corpo (1967), além de Maria Auxiliadora, Lygia Pape e Vilma Pasqualini.
A exposição Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70 é apresentada por Bradesco e patrocinada por Livelo, na categoria Platinum, Mattos Filho, na categoria Ouro e Nescafé Dolce Gusto, na categoria Prata. A mostra será exibida no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA), na Argentina, de 5 de novembro de 2025 a 2 de fevereiro de 2026.
SOBRE A PINACOTECA DE SÃO PAULO
A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até́ a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios, a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo. B3, a bolsa do Brasil, é Mantenedora da Pinacoteca de São Paulo.
SERVIÇO:
Pinacoteca de São Paulo
Edifício Pina Contemporânea | Grande Galeria
De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso
2º Domingo do mês – gratuidade Mantenedora B3