Livro que revela “A Recusa da Vagina” na psicanálise é lançado por pesquisadora (Foto: Divulgação)

Karen Horney foi uma psicanalista que teve voz ativa nos principais debates teórico-institucionais do campo, foi co-fundadora dos Institutos Psicanalíticos de Berlim e Chicago, questionou o falocentrismo da psicanálise, inseriu pautas feministas em suas teorizações, mas teve sua figura e contribuições deixadas de lado por muito tempo.

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No livro “A Recusa da Vagina”, a pesquisadora Patrícia Mafra de Amorim busca dar conta do desafio de compreender a marginalização de Horney e refletir sobre os aspectos da feminilidade que recusamos reconhecer durante séculos. A obra será tema de uma Rodada de Conversas na próxima terça-feira, dia 22 de novembro, com a presença da autora junto à especialista Julinéia Soares, psicanalista crítica, mestra em Estudos Psicanalíticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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“A sexualidade masculina, que tem no falo a sua grande expressão, sempre serviu como base metafórica para explicar o funcionamento da vida psíquica na Psicanálise” esclarece Patrícia Mafra de Amorim. “Freud, ao explicar o desenvolvimento psicossexual das crianças, trata como iguais pênis e clitóris, negando a influência da vagina em ambos os sexos. A pesquisa, então, buscou dialogar com as contribuições de uma psicanalista do passado para que possamos compreender o quanto ainda podemos avançar no desenvolvimento e aplicabilidade da teoria” explica a autora.

Patrícia Mafra de Amorim é doutora em psicanálise pela Universidade de São Paulo (USP), e cursou a graduação e o mestrado em Estudos Psicanalíticos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde iniciou a pesquisa que embasou o livro. Na obra a autora revisita a história da psicanálise em um momento contemporâneo a Freud, e mostra como as descobertas da psicanalista Karen Horney, e de outras pesquisadoras mulheres que consideravam as especificidades do corpo e do contexto sociopolítico femininos, foram ignoradas.

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“Apesar de desenvolverem conceitos sobre as mesmas bases teóricas de Freud, e de fundarem instituições notórias amplamente reconhecidas pela comunidade acadêmica, essas mulheres tiveram suas contribuições colocadas às margens ou não incorporadas aos estudos tradicionais de psicanálise, devido, justamente, às condições sócio-políticas as quais estavam inseridas”, declara Patrícia Mafra de Amorim.

Karen Horney, alicerçada pela militância feminista, destacou-se como pioneira na investigação acerca da feminilidade, denunciando as formas de negação que lhe foram impostas pela corrente de pensamento psicanalítico ao longo da história, inspirando, desse modo, outras psicanalistas a resistirem a esse silenciamento. O professor Daniel Kupermann, do Instituto de Psicologia da USP, diz que “o livro que Patrícia Mafra de Amorim nos apresenta explicita, a partir do resgate das ideias de Horney, a recusa recorrente efetuada pelo pensamento ocidental não apenas ao que concerne à mulher, mas a toda forma de amar e de gozar diferente da falocêntrica”.

Por isso a professora Ana Brancaleoni, da Pós-graduação em Educação Sexual da UNESP, destaca que o livro convoca a academia a construir uma Psicanálise “viva e porosa, que está sempre aberta a escutar as vozes de seu tempo, e sensível às dores enfrentadas nos contextos sociais de discriminação e exclusão”. A especialista explica o quanto é necessário que a Psicanálise seja “um espaço de testemunho sensível, que compreenda os riscos que as teorias e as práticas engessadas podem causar à saúde psíquica dos pacientes, quando não escutam as sensibilidades das minorias sociais”.

O livro será abordado em uma rodada de conversas com a autora Patrícia Mafra de Amorim das 16h às 18h da próxima terça-feira, dia 22 de novembro. O evento contará com transmissão ao vivo na página da autora no Instagram, onde o público poderá acompanhar e participar de forma remota, enviando perguntas através dos comentários. A mesa contará com a presença da psicanalista Julinéia Soares e com a participação de alunos do curso de Psicologia e de outros cursos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. A convidada Julinéia Soares é psicóloga e psicanalista crítica, mestra em Estudos Psicanalíticos e especialista no empoderamento de mulheres negras. Suas ideias contribuíram muito para o pensamento e para a pesquisa da autora durante os encontros do grupo de pesquisa “Psicanálise e Política”, que ambas integram sob a coordenação do professor Dr. Fábio Belo, mediador da mesa.

Serviço: 

Rodada de conversas sobre o livro “A Recusa da Vagina”, de Patrícia Mafra de Amorim

Data: 22/11/2023

Horário: 16h às 18h

Link para participação remota: Instagram @patricia.m.amorim

Sobre a autora:

Patrícia Mafra de Amorim é  psicanalista, doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Estudos Psicanalíticos pela Universidade Federal de Minas Gerais, psicóloga (UFMG), membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi (GBPSF) e do Núcleo Brasileiro de Psicanálise e Psicoterapia Relacional. Estudiosa da história da psicanálise e das teorias feministas, interessa-se pelas tensões dos encontros transdisciplinares, especialmente da psicanálise com a universidade, assim como pelos processos formativos de analistas e pela transmissão da teoria psicanalítica.


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Livro que revela “A Recusa da Vagina” na psicanálise é lançado por pesquisadora