A próxima edição da Bienal de São Paulo, que acontece em 2023, contará com quatro curadores. Manuel Borja-Villel, historiador da arte; Grada Kilomba, artista multidisciplinar, escritora e teórica; Diane Lima, curadora independente, escritora e pesquisadora; e Hélio Menezes, antropólogo, crítico e pesquisador, vão desenvolver o trabalho de curadoria do evento de forma descentralizada.
“A complementaridade desses talentos tem potencial de gerar um resultado fantástico”, disse José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal. “A equipe curatorial se formou voluntariamente e a proposta nos cativou por ser ambiciosa e intrigante”, complementa.
Esse modelo curatorial, sem a figura de um curador-chefe, já foi adotado nas edições de 1989, 2010 e 2014 da Bienal. “A ideia de formar um grupo com uma relação horizontal, sem a figura de um curador-chefe, foi uma sugestão da própria equipe de curadores e será uma parte constituinte do projeto da 35ª Bienal”, conclui José Olympio.
Perfis dos curadores
As biografias abaixo, elencadas por ordem alfabética dos sobrenomes, optam por não apresentar categorias normativas como nação, nacionalidade, idade e ano de nascimento. Esta é uma diretriz que fará parte de todo o processo da 35ª Bienal.
Manuel Borja-Villel – Mora em Madri, Espanha. Doutor em História da Arte pela City University de Nova York, desde 2008 é diretor do Museu Reina Sofía (Madri, Espanha), sendo responsável pelo desenvolvimento e profunda releitura da coleção do museu. Nos últimos anos, o Reina Sofía fortaleceu sua posição como referência para a produção cultural pelo trabalho realizado com uma rede assimétrica de instituições que inclui, entre outros, museus, universidades e instituições independentes. Dirigiu a Fundación Antoni Tàpies (Barcelona, Espanha) desde sua criação, em 1990, até 1998, e fez da fundação uma instituição experimental com uma programação centrada na crítica institucional. Já à frente do Museu d’Art Contemporani de Barcelona de 1998 a 2008, colocou a gestão pública a serviço da agenda cidadã, criando um lugar de dissidência por meio da pedagogia radical, da crítica e da experimentação institucional. Ele reflete sobre esses e outros temas em seu último livro: Campos Magnéticos. Escritos de arte y política (Madri: ARCADIA, 2020).
Grada Kilomba – Mora em Berlim, Alemanha. Artista interdisciplinar, escritora e doutora em Filosofia pela Universidade Livre de Berlim, Alemanha, Kilomba lecionou em diversas universidades internacionais, como a Universidade de Artes de Viena, na Áustria. Suas obras levantam questões sobre conhecimento, poder e violência cíclica, e foram exibidas em eventos significativos como a 10ª Berlin Biennale; Documenta 14; La Biennale de Lubumbashi VI; e 32ª Bienal de São Paulo; assim como em inúmeros museus e teatros internacionais. Seu trabalho dispõe de diferentes formatos como performance, leitura cênica, textos, vídeo e instalação, tendo como foco memória, trauma, gênero e pós-colonialismo. Obras de sua autoria integram coleções públicas e privadas como a da Tate Modern (Londres, Inglaterra).
Diane Lima – Mora entre Salvador e São Paulo, Brasil. Uma das brasileiras premiadas pela Ford Foundation Global Fellowship, seus projetos se tornaram notáveis por ampliar os debates sobre as práticas artísticas e curatoriais em perspectiva decolonial no país. É mestra em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e integra o comitê curatorial para a nova exposição de longa duração do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Entre seus trabalhos recentes estão as cocuradorias de Frestas – 3ª Trienal de Artes do Sesc SP – O rio é uma serpente, em 2021, e de Vuadora, exposição retrospectiva do artista Paulo Nazareth na Pivô.
Hélio Menezes – Mora em São Paulo, Brasil. Antropólogo e internacionalista pela Universidade de São Paulo e affiliated scholar do BrazilLab, da Universidade de Princeton. Foi curador de arte contemporânea do Centro Cultural São Paulo de 2019 a 2021, onde também atuou como curador de literatura entre março e outubro de 2019, e coordenador internacional do Fórum Social Mundial de Belém (2009), Dacar (2011) e Túnis (2013). Alguns de seus trabalhos mais recentes são Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros (IMS Paulista), Histórias Afro-Atlânticas (MASP e Instituto Tomie Ohtake) e dos brasis (Sesc). Em 2021, foi reconhecido pela ArtReview Magazine como uma das cem pessoas mais importantes da arte contemporânea no mundo.
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