Mais uma vez o átrio do Sesc Belenzinho é palco de um trabalho especialmente concebido para a sua arquitetura. Aline Motta em sua Máquina Kalunga, por meio de fotografias e projeções, reafirma o leitmotiv de sua obra: a busca por suas origens e uma conexão profunda com a natureza. Nesta instalação, a artista busca proporcionar um mergulho em sua poética, em que a própria arquitetura do espaço com suas transparências, reflexos e rebatimentos se transformam em possíveis manifestações físicas do mundo espiritual.
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Em Máquina Kalunga, com curadoria de Claudinei Roberto da Silva, as projeções no piso do átrio partem de fotos 3×4 ampliadas e impressas em tecido leve, voal. Essas imagens sobre tecido colocadas em contato direto com a natureza foram fotografadas pela artista em viagens.
Além de Vassouras/RJ, cidade de sua família materna, ela levou as peças para Mariana/MG, aldeias no norte de Portugal e para o continente africano, onde esteve em Serra Leoa e Nigéria. Para a intervenção no Sesc Belenzinho, Aline selecionou somente as fotografias de obras colocadas sobre rios, cachoeiras e mar para construir um diálogo com o espaço da unidade. “Quis que as imagens das pessoas retratadas, ao serem projetadas no piso, surgissem como se fossem da água da piscina que está visível sob o chão de vidro transparente do átrio”, afirma Aline.
Já na grande lateral de vidro do espaço, com 15,50 metros de altura e 21 de largura, foi ampliada e plotada uma foto da série “(Outros) Fundamentos” (2017-2019), a última parte da trilogia iniciada com “Pontes sobre Abismos” e “Se o mar tivesse varandas”. A imagem apresentada no Sesc Belenzinho foi captada em Lagos/Nigéria, contudo o projeto também foi desenvolvido em Cachoeira/BA e Rio de Janeiro/RJ para dar conta das consequências da jornada que a artista empreendeu em busca de suas raízes. Com isso, Aline Motta procura reestabelecer laços com seus ancestrais comuns, através das águas e pontes que conectam as três cidades, imaginando uma possível comunicação por espelhos, que refletiriam a mesma luz dos dois lados do Atlântico.
“O carvão, que é resultado do magma, quando submetido a pressões altíssimas e violentas transmuta-se em diamante. A “Máquina Kalunga” de Aline Motta verte em diamante o carvão da memória, magma solidificado da sua e da nossa história. Sua poesia faz as vezes da pressão que, submetendo a história a organiza em imagens, que transcendem, mas também confirmam o contexto que comentam. Como todo diamante a obra resultante desse processo é polifacetada”, afirma o curador.