Exclusiva! Loren Louro fala da nova adaptação de “A Princesa dos Cajueiros” (Foto: Divulgação)

Em 1880, Artur Azevedo lançou o clássico “A Princesa dos Cajueiros”, a qual fazia crítica social a Dom Pedro II, que curioso, foi assistir ao espetáculo e riu bastante.

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A peça, esquecida do grande público, chamou a atenção da diretora Loren Louro, que adaptou a história e reuniu uma competente trupe de atores e irá estrear no próximo dia 5 de abril, no Teatro Eva Wilma, prometendo encher os olhos da plateia com figurino bem brasileiro e rir com a performance dos atores, que ela garante estar hilária.

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A trama tipicamente brasileira nasceu em 1880 por Artur Azevedo e é uma sátira política ao imperador do Brasil e no momento que os brasileiros viviam.

A peça retrata a história do Reino dos Cajueiros e seu soberano El Rei Caju, que tenta a todo custo dar a corte a sua tão sonhada herdeira, mesmo que para isso ele precise forçar o médico do paço real a criar alguma “medicina” que faça efeito na já avançada gravidez da rainha. O pobre coitado Doutor Escorrega inicia, então, uma jornada para evitar a forca, seja dançando, cantando ou trocando bebês. Enquanto isso, a nossa linda Princesa, uma donzela nada indefesa, sai do palácio para fugir da vida tediosa da corte e em uma dessas escapadas acaba por encontrar um jovem rapaz, o pescador Paulo. Eles se apaixonam perdidamente, mas esse amor está ameaçado. Onde já se viu? Uma princesa e um plebeu? A corte e seus ministros não vão gostar nada disso. O que será que irá acontecer nesse julgamento feroz? O que pode ser dito é que essa corte “acajuada” só tem uma missão, que é de fazer cantar e sorrir.

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Coube à jovem Loren Louro retratar e reavivar a obra e promete encantar e dividir o público. Conversamos com a diretora, que nos contou como foi o processo criativo da adaptação?

Em época de princesas da Disney, por que decidiu adaptar a peça “A princesa dos cajueiros”, de Arthur de Azevedo, um dos maiores romancistas do Brasil?

Já adaptei algumas dessas obras muito famosas sobre princesas, como, por exemplo Cinderela e a Pequena Sereia. Com ambas, inclusive, ficamos em cartaz por muitos anos e sempre foi um sucesso total. Porém, eu sempre digo que sentia falta de algo mais “nosso”. Uma princesa verdadeiramente brasileira, com nossos costumes, defeitos e qualidades. Apesar de “a princesa dos cajueiros” não ser uma peça focada no público infantil, muito pelo contrário, é uma peça para os adultos, não temos restrição alguma de idade. A comédia (opereta) de Artur Azevedo é, acima de tudo, uma crítica social ao momento histórico que vivíamos na época como Brasil.

O que chamou a atenção na obra?

Uma das coisas que mais me intrigou foi o fato de a obra ter caído no esquecimento. Não encontramos nenhum registro de montagem dela, a não ser em 1880, quando foi apresentada para o próprio Dom Pedro II.

Por se tratar de uma opereta tão leve, tão cheia de simbolismos e extremamente bem humorada, achei um tanto injusto esse texto tão divertido, atrapalhado e cheio de brasilidade não ser conhecido do grande público.

Por se tratar de uma história de época, como os figurinos e linguagem serão retratados na peça?

Os figurinos são um pouco, pode-se dizer, excêntricos. A história toda se passa na ilha fictícia dos cajueiros, então, todos os figurinos foram pensados em permear a história do autor, que vai do Maranhão até o Rio de Janeiro. Por isso essas diversas referências foram usadas. Temos muito de Norte e Nordeste, com um toque “acajuado” dos vestidos e casacas bufantes que vivem em nosso imaginário quando se trata de Reis e princesas.  Temos as armações e cinturas marcadas, reforçando a ideia trazida da Europa.
Eu brinco que temos um tiquinho do Brasil nessa loucura que são nossos figurinos. O desejo é que os olhos da audiência fiquem naquele jogo de caça ao tesouro, tentando identificar a referência que inspirou cada detalhe.

Quais são as semelhanças do texto da peça com a situação atual do País?

Artur Azevedo é tão genial, sempre atual. Todo o texto ressalta o quanto os poderosos mandam e desmandam em nosso País. Seja alterando ou burlando leis, a fim de seu próprio benefício. Além de demarcar muito bem a diferença gritante entre as classes sociais. Ou seja, nada muito diferente do que vivemos até hoje.

Outra coincidência, nada bacana, é que a obra foi censurada em 1880 logo após a sua estreia, obrigando o autor a alterar o nome do protagonista. E vamos combinar que de censura nós entendemos bem, até há pouco tempo estávamos entrando novamente nesse ciclo.
O senso de humor utilizado é uma das formas que encontramos de tocar em todos os assuntos com leveza, sem deixar de criticar. Mas nossa ideia é a de trazer esperança na nossa gente.

Quais são os principais atrativos e diferenciais dessa montagem?

O espetáculo é uma comédia leve, sem nenhum tipo de apelação. É totalmente musicado ao vivo, assim como eram as operetas cômicas originais. Nossa cia tem como objetivo investigar textos e autores que nunca, ou quase nunca, foram “notados” por assim dizer. No caso do princesa dos cajueiros, foram mais de 9 meses de estudo apenas do texto, mais muito trabalho cênico para realizar o trabalho corporal das comédias da época, de uma forma geral foi muito complicado achar informações sobre ela.

Acredito que nunca vou parar de investigar essa obra. Fizemos uma curtíssima temporada no final do ano passado apenas para teste e por voto popular ganhamos o prêmio de “melhores espetáculos de 2023” pela página atores da depressão! E, com certeza, vamos nos divertir demais nessa nova temporada.

Serviço

A Princesa dos Cajueiros – Teatro Eva Wilma

A partir de 05/04, às 21h

Rua Antônio de Lucena, 146 – Tatuapé

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)

Onde comprar: bilheteriaexpress.com.br


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Exclusiva! Loren Louro fala da nova adaptação de “A Princesa dos Cajueiros”