A exposição Nós – Arte e Ciência por Mulheres, que ocupa o Paço das Artes, em Higienópolis, em São Paulo, até 11 de junho, apresenta as trajetórias e conquistas de cerca de 60 cientistas mulheres em distintos campos do conhecimento, como os da educação, saúde e tecnologia.
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Dentre elas, estão marcantes mulheres negras brasileiras que, por meio de suas áreas de estudo, especializações e descobertas, contribuíram e contribuem até hoje para o avanço da ciência e sociedade, ainda que muitas vezes sem o devido reconhecimento por suas conquistas.
A biomédica baiana Jaqueline Goes de Jesus, por exemplo, é uma das homenageadas. Mestre em saúde e medicina investigativa e doutora em patologia humana pela Fiocruz, Jaqueline participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus zika e se destacou por coordenar a equipe que conseguiu sequenciar o genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após o registro do primeiro caso de covid-19 no Brasil. Por esse trabalho, foi uma das cientistas escolhidas pela fabricante de brinquedos Mattel para ser homenageada com uma boneca Barbie, que está em destaque na exposição (foto acima).
Também da Bahia, a médica Maria Odília Teixeira (1884-1970) é considerada a primeira mulher negra brasileira a se formar no curso de medicina em uma época em que as mulheres brasileiras não tinham nem mesmo o direito ao voto. Maria escreveu sua tese sobre a cirrose alcoólica, em um estudo classificado como pioneiro por tratar com neutralidade um suposto comportamento degenerado de pessoas negras associadas ao consumo excessivo de álcool. Ela trabalhou como médica em sua terra natal e, mais tarde, foi convidada a dar aulas de clínica obstétrica, tornando-se a primeira mulher negra a lecionar na Faculdade da Bahia.
Outra mulher negra marcada pelo pioneirismo em sua área de atuação é Enedina Alves (1913-1981), considerada a primeira engenheira negra do Brasil. Formada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, seus estudos foram financiados pelo dono da casa onde a mãe trabalhava. Como engenheira, Enedina participou da construção da maior hidrelétrica subterrânea no sul do Brasil, a atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza. O legado de Enedina deu origem ao Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá, no Paraná, e, em 2023, o Google homenageou seu 110º aniversário.
No campo das ciências humanas, a escritora Conceição Evaristo (1946-) também é lembrada pela mostra e homenageada em uma bela obra da artista contemporânea Paty Wolff. Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte e, até concluir o estudo secundário, trabalhou como empregada doméstica. Graduou-se em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é mestre em literatura brasileira e doutora em literatura comparada. Em 1990, publicou contos e poemas na série Cadernos Negros e, em seguida, produziu obras que receberam destaque no Brasil e no mundo, escrevendo sobre temas como a discriminação de raça, gênero e classe. É uma das mais importantes escritoras e ativistas pela cultura negra do Brasil.
Por meio de iconografia histórica, acervo científico e textos informativos, os visitantes da exposição podem conhecer mais sobre a relevante história destas e muitas outras mulheres produtoras do conhecimento, como a professora Beatriz do Nascimento, a filósofa Sueli Carneiro e a cientista da computação Nina da Hora, por exemplo. Nós – Arte e Ciência por Mulheres” tem entrada franca e segue até 11 de junho de 2023. A mostra é uma exposição coletiva construída pelo coletivo curatorial do Estúdio M’Baraká, formada por Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo Rezende, e com consultoria da pesquisadora Magali Romero Sá, especializada em História da Ciência.
A exposição “Nós — Arte e Ciência por Mulheres” é uma realização do Estúdio M’Baraká, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com idealização da M’Baraká, patrocínio master da AstraZeneca, apoio do Paço das Artes, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, além de apoio de acervo do Museu do Índio, Museu Nacional Museu de Ciências da Terra / CPRM, Instituto Butantan, Sítio Roberto Burle Marx e Fiocruz.
O Paço das Artes tem apoio institucional da Kapitalo Investimentos na categoria Master; Vivo e Grupo Travelex Confidence na categoria Ouro; e TozziniFreire Advogados na categoria Prata. O apoio de mídia é da JCDecaux, Nova Brasil FM e Alpha FM, e o apoio operacional é do Pestana Hotel Group.
Serviço:
Nós – Arte e Ciência por Mulheres
Até 11 de junho de 2023
Local: Paço das Artes
Endereço: Rua Albuquerque Lins, 1345 – Consolação, São Paulo – SP
Telefone: (11) 4810-0392
Funcionamento: terças a sábados, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h.
Ingresso gratuito.
Sobre o estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ)
Criado há 17 anos por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio M’Baraká desenvolve projetos múltiplos com profissionais de diversos segmentos e se destaca por sua metodologia, que envolve criação, pesquisa, planejamento estratégico e direção de arte. Desde 2013, a economista Larissa Victorio faz parte da sociedade. Os projetos do grupo são únicos, focados na criação de experiências relevantes, que geram conhecimento e valor para seus públicos como as exposições de sucesso “Mostra Nise da Silveira – A revolução pelo Afeto”, “Mostra Darwin”, “Quando o Mar virou Rio” e “Tropicália, entre outros.
Sobre o Paço das Artes
O Paço das Artes — instituição que pertence à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo — foi criado em 25 de março de 1970. Em 2020, conquistou sua primeira e definitiva sede, em Higienópolis, depois de existir de maneira nômade e ter passado pelo Edifício da Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo na Avenida Paulista (1970); Sala na Pinacoteca do Estado, na Luz (1973); Museu da Imagem e do Som na Avenida Europa (1975); Cidade Universitária da USP (1994) e, novamente, no Museu da Imagem e do Som (2016). O Paço das Artes teve sua trajetória marcada por dar voz e espaço à arte contemporânea e desde 1970, a instituição vem fomentando a produção, reflexão e memória da arte em atuações também com foco nas produções não legitimadas pelo circuito oficial.
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