Bráulio Bessa transforma sua trajetória em lição de esperança e resistência (Foto: Sté Frateschi)

“Vamos dar uma salva de palmas para nossa felicidade. O mundo de alguém ser belo, não faz o seu ser feio.” Foi com esse pensamento que o poeta cearense Bráulio Bessa abriu sua participação na 24ª FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, na noite de sábado (23). Diante da plateia que lotou a sala principal do Theatro Pedro II, Bessa utilizou a força da narrativa e da contação de histórias para revisitar sua trajetória pessoal e literária, abordando temas como afeto, felicidade, resistência, valorização da vida e respeito por quem caminha junto, além de enaltecer a importância da escola pública, dos livros e das oportunidades.

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Nacionalmente conhecido por sua participação de dez anos no programa Encontro, com a jornalista Fátima Bernardes, Bessa revelou que o marco inicial de sua caminhada profissional foi o gesto de uma professora que lhe entregou o primeiro livro de poesia. “O dia mais importante da minha vida profissional como poeta aconteceu dentro de uma escola pública, aos 14 anos, quando minha professora, tia Zuli, colocou aquele livro em minhas mãos. Era um livro de Patativa do Assaré, um dos poetas populares mais importantes deste país, que me encantou com seus poemas e me fez decidir que poeta eu seria: poeta. Que massa a força de um livro”, contou.

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Após declamar seus poemas em praças, escolas, feiras e até igrejas de Alto Santo, sua cidade natal no interior do Ceará, Bráulio levou seus escritos para a internet de forma caseira. “Eu usava um computador velho, na cozinha de casa. Minha ideia era divulgar o cordel para o maior número possível de pessoas e valorizar essa literatura que representa e fala do nosso povo, do Brasil profundo, tão diverso e escondido, mas que ainda é lida como menor, inclusive nos meios literários. E nunca imaginei que alcançaria muito mais que isso”, compartilhou.

Para o poeta, a oportunidade é o bem mais valioso que se pode oferecer a alguém. “Quando fiz minha primeira palestra, num grande evento em Maceió, de graça, o meu cachê foi o maior de todos porque foi a oportunidade, após uma sequência de acontecimentos impensáveis para mim naquela época. Nosso povo precisa de oportunidades porque a oportunidade é para sempre”, disse.

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Salvo pelo livro

No desenrolar de sua fala, Bráulio Bessa destacou a importância da escola pública e do lugar de onde veio. “Nesse país, em que a educação é tão agredida, precisamos de testemunhos a favor da educação. Sou fruto da escola pública, da sala de aula, da fé do aluno no educador, da fé do educador no aluno”. Ele reforçou que aquele livro que ganhou de sua professora o salvou porque se viu nele. “E quando nos vemos num livro, numa obra de arte, nos sentimos importantes. Quando falo de mim, falo de nós. A história de cada um é única e é interessante. Por isso, viva nossa felicidade apesar de todos os sofrimentos que todos carregamos”, enfatizou.

Laboratório de origem

Bessa também ressaltou a importância de reconhecer quem estende as mãos ao longo do caminho. “Estou aqui hoje porque as pessoas da minha terra me viram, me ouviram, me deram valor e me disseram que esse lugar, aqui neste palco, também poderia ser meu, fazendo literatura de cordel.”

Ele definiu sua cidade de origem como um verdadeiro laboratório. “Não podemos normalizar o esquecimento da nossa origem e trajetória quando conquistamos algo muito grande. Hoje, é extraordinário exercer o direito de ser diferente e, ainda assim, ser espelho para o outro”, refletiu.

Persistência e autenticidade

Autor de um trabalho reconhecido dentro e fora do Brasil, Bráulio lembrou que sobreviveu a 44 recusas de editoras antes de ver seus poemas publicados. Para ele, seu sucesso não pode ser explicado apenas pela televisão ou pelas redes sociais, já que sua trajetória é muito mais ampla e enraizada na literatura de cordel. “Muita gente reduz suas vitórias a conseguir estar na televisão ou a ter milhões de seguidores nas redes. Isso é muito raso. Além de ser irônico não se perder no caminho, mas se perder no lugar onde chegou. Não podemos perder o direito de sonhar, mas sabendo que não temos controle sobre a recompensa”, poetizou.

Para ele, no exercício de autoconhecimento, é essencial escutar a própria voz. “É muito mais legal viver que apenas estar vivo. Quem vive fingindo ser o que não é, vive cansado, porque a verdade está pronta. A mentira, não”, finalizou.

A 24ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto terminou neste domingo (24) e contou com a parceria da Prefeitura Municipal por meio das Secretarias de Governo, Casa Civil, Educação, Cultura e Turismo, Infraestrutura, Meio Ambiente, Esportes, Fiscalização Geral e Saerp; do Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria Estadual da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, Sesc e Senac.

Sobre a FIL

A FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) consagrou-se como um dos maiores eventos culturais do país e tornou-se internacional em 2020. Possui 25 anos de história e realiza neste ano a sua 24ª edição. A cada ano, a programação reúne autores, artistas, intelectuais, educadores, estudantes e participantes de diversas localidades. Todas as atividades são gratuitas e abertas à população, o que consolida o objetivo primordial de fomentar a leitura e de contribuir para ampliar os números de leitores do país. Em 2024, o evento registrou público de 250 mil pessoas, presença de 260 escritores e mais de 400 atividades realizadas. O impacto na economia de Ribeirão Preto foi da ordem de R$ 5 milhões.

Patrocínio Diamante: Usina Alta Mogiana

Patrocínio Ouro: GS Inima Ambient

Patrocínio Prata: Necta Gás Natural e Savegnago

Patrocínio: Apis Flora, AZ Tintas, Caldema, Caseli Tracan, Engemasa, RibeirãoShopping, Riberfoods, Pedra Agroindustrial S/A e TMA Máquinas.

Instituição Cultural: Sesc e Senac

Apoio Cultural: ACI-RP, Automotiva Cestari, Lopes Material Rodante, Macopema, Monreale Hotel, Santiago e Cintra Geotecnologias, Grupo Suprir, Tonin Superatacado e Santa Helena.

Apoio Institucional: Fundação Dom Pedro II, Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira, CUFA Ribeirão Preto, Ong Arco-Íris, Coletivo Abayomi, A9 – Água Alcalina, Alma (Academia Livre de Música e Arte), IPCIC – Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais, Casa Grafite Comunicação e Cultura, Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto, ETEC José Martimiano da Silva, Educandário, Sesi, Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Faculdade Metropolitana, Adevirp, Fundação Dorina Nowill Para Cegos, Ann Sullivan do Brasil, Associação de Surdos de Ribeirão Preto, Caeerp, Dr. Cãopaixão – Projeto Cães de Terapia, Fada, RibDown, NeuroRib, Conventions & Visitors Bureau, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada, Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, Instituto do Livro, RPMobi, Coderp, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar.


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Bráulio Bessa transforma sua trajetória em lição de esperança e resistência