No final dos anos 80, o cultuado diretor Tim Burton lançou um clássico instantâneo, que atravessou gerações, a comédia “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem”. O sucesso foi tamanho que após 30 anos, o filme se transformou em um musical da Broadway, em 2019.
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E agora, finalmente, o espetáculo desembarcou em terras tupiniquins, com direção artística de Tadeu Aguiar, direção geral de Renata Borges Pimenta e visagismo assinado por Anderson Bueno. O musical segue em temporada na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e em fevereiro, os paulistanos recebem o musical no Teatro Liberdade.
A montagem brasileira possui um elenco com 26 atores, além de Eduardo Sterblitch (Beetlejuice), Ana Luiza Ferreira (Lydia Deetz), João Telles (alternante
O premiado makeup designer Anderson Bueno, que assina o visagismo do espetáculo, conta sobre a inspiração para compor a assinatura dos personagens. “Quis fazer uma homenagem a estas duas montagens que são assinadas por dois grandes maquiadores que eu admiro demais. Vê Neil, que assinou a caracterização do filme e Joe Dulude II, que assina o musical da Broadway. Aqui no Brasil tivemos a liberdade de criação, trazendo uma nova proposta. Sendo assim, trouxe elementos de um personagem criado pelo mestre Chico Anysio – Bento Ribeiro, o Vampiro Brasileiro, personagem que me divertiu muito. Acho que ‘Beetlejuice’ é uma mistura de todos estes seres engraçados e politicamente incorretos que habitam nosso imaginário”.
“Beetlejuice – O Musical” tem libreto original de Scott Brown e Anthony King e música de Eddie Perfect. A versão brasileira é de Claudio Botelho. “Nunca tivemos tantas possibilidades de trabalho, como temos agora. Seja para TV, cinema ou mesmo teatro. O streaming abriu ainda mais as possibilidades. Vejo o mercado extremamente aquecido, com ótimos profissionais disponíveis. O que mais me incomoda é ainda ter que importar muito material de fora, em especial os de FX. Temos ótimas marcas nacionais, inclusive com o selo ‘cruelt free’, com ótima resistência, mas pecamos quando o assunto são efeitos especiais”, destaca Bueno.
Tadeu Aguiar revela que o icônico filme que originou o musical foi também uma fonte de inspiração para sua direção. “Revi o filme e assisti o espetáculo na Broadway. Adoro a estética imposta pelo Tim Burton e seria tolo de não usar essa inspiração. É meio como o movimento antropofágico da semana de 22. Beber na fonte e reescrever do nosso jeito”. O diretor pontua, entretanto, que tudo tem uma assinatura autoral. “A peça terá um olhar brasileiro, humor nosso, de artistas com características histriônicas. Isso é bom para muitos personagens do espetáculo”, complementa.
“Fizemos dois testes de caracterização. Existe uma imagem muito específica já construída para o ‘Beetlejuice’, sendo assim, o lance foi brincar com as possibilidades e trazer novos elementos que traduzem a personalidade que está sendo criada pelo ator. Na base da maquiagem utilizamos um ‘clown líquido’ na cor cinza, desenvolvido pela color make, com exclusividade para o espetáculo. Depois temos os tons preto, roxo, amarelo e claro, pitadas de verde”, explica Anderson Bueno sobre a criação e paleta de cores do protagonista.
Com direção de Tim Burton, o filme “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem” foi um grande sucesso de bilheteria em 1988, tornando cultuado o personagem título, interpretado por Michael Keaton. A trama gira em torno de um casal recém-falecido em um acidente de carro (Alec Baldwin e Geena Davis) que se tornam fantasmas presos em sua antiga casa. Com a chegada de novos moradores (Catherine O’Hara, Jeffrey Jones e Winona Ryder), eles precisam da ajuda de um fantasma mais “experiente”, justamente o Beetlejuice, que se utiliza de métodos não muito ortodoxos para expulsar os inquilinos recém-chegados.
O musical estreou na Broadway com grande sucesso de público e crítica, sendo ainda indicado a sete Drama Desk Awards, 4 Drama League Awards e 4 Outer Critics Circle Awards. A montagem brasileira pretende manter todo o humor e magia que fizeram dessa história um clássico moderno.
“Joaquim Lopes, por exemplo, está hilário e no personagem dele, optei por uma peruca com topete alto, toda marcada e bem alinhada. Flávia Santana, que faz Adélia, tem um verdadeiro desfile de looks. Cada entrada dela possui um figurino exuberante. Então, o visagismo não podia ficar atrás, ela troca quatro vezes de peruca. Sylvia Massari, brilhantemente na pele de Juno, mãe do ‘Beetlejuice’, está irreconhecível. Já tive o prazer de trabalhar com ela em ‘A Gaiola Das Loucas’ – é simplesmente uma aula de postura e dedicação. Para ela, propus um visual quase cadavérico, mas elegante. Preciso destacar o essamble, que faz simplesmente cinco trocas rápidas de maquiagem, incluindo os clones de ‘Beetlejuice’. Eles estão arrasando”, finaliza Bueno.
A ficha técnica é repleta de grandes nomes do teatro musical: Laura Visconti (direção musical), Renato Theobaldo (cenografia), Dani Vidal e Ney Madeira (figurino), Sueli Guerra (direção de movimento/coreografia), Dani Sanchez (desenho de luz), Gabriel D´angelo (desenho de som), Anderson Bueno (visagismo), Ateliê San Roman (realização de perucas), Lucas Pimenta (assistente de direção) e Simone Centurione (assistente de direção e direção residente).