Com um line-up de respeito pra quem se liga na música brasileira independente, o Vento Festival, é uma boa desculpa pra ir pra Ilha Bela no fim de semana. O orçamento de R$ 236 mil, incluindo custos de som e palco, é quase um milagre da economia criativa e colaborativa.
Céu, Saulo Duarte & A Unidade, O Terno, Guizado, Lira, Holger e Inky estão entre os nomes que se apresentam até domingo (19). Na quinta, Tulipa Ruiz encerrou a primeira noite de festival com repertório do seu novo álbum, Dancê, e comprovou sua evolução como performer e artista.
Em família, com o pai, Luiz Chagas, que foi da banda do mítico Itamar Assumpção, e o irmão Gustavo Ruiz, um dos produtores mais afiados da nova geração, ela levou cerca de 1.100 pessoas, segundo os organizadores, à praça das Bandeiras, na Vila, região histórica da Ilha.
Ilhabela is burning
“As pessoas estão muito felizes, orgulhosas”, diz Anna Penteado, do Núcleo Indahouse. Idealizadora e organizadora do evento realizado pela Prefeitura de Ilhabela e Secretaria de Turismo. Anna, que é videomaker e tem uma produtora de música, trocou São Paulo pela Ilha e prepara a realização de uma série de eventos na cidade.
Cada vez mais gente da indústria criativa segue o mesmo caminho, designers, artistas plásticos, jornalistas, músicos, cenógrafos, estilistas. O trombonista da banda da Tulipa, Odirlei Machado, o Didi, por exemplo, se mudou pra Ilha e está dando aulas. Alguns alunos foram vê-lo no show.
“Existe uma movimentação cultural forte na Ilha”, afirma Ana. Desde os tempos dos piratas, que curtiam a liberdade e a facilidade de criar zonas autônomas temporárias sem serem incomodados, as ilhas são ponto de atração de gente de diferentes habilidades e saberes. Pessoas que às vezes até abrem mão de deixar se definir pela profissão, confundindo o cargo à pessoa e a vida ao traballho. “As pessoas aqui se olham nos olhos quando se encontram”, resume Anna.
O Vento Festival também incorpora, na raiz, a questão do poder feminino, basta olhar quem está por trás dele. Além da já citada Anna, a produção executiva é de Bianca Lombardi, com produção artística de Shirlei Vieira, da Recheio Digita, a direção de arte é de Tatiana Sobral, da Casco Ilhabela. “Mulheres superpoderosas”, resumiu Tulipa. Ela própria, uma delas.
Who run the world? As mulheres, os criativos, os alternativos, os independentes. O Vento já bateu. Agora é levantar as velas e se mandar.
SERVIÇO
Vento Festival, grátis, praça das Bandeiras, na Vila
Sexta, a partir das 20h, Norma Nascimento, Singapura, O Terno e Lira
Sábado a partir das 20h, Holger, DJ Mataga e Dip, Céu
Domingo, a partir das 15h Fidura, DJ Phill, Piratas da Ilha, Guizado e Inky