Leticia Bufoni, a musa tetracampeã de skate street
Se sua filha resolvesse ser skatista, você apoiaria? Mesmo que isso significasse ter que passar mais tempo nas pistas do que com os livros? Foi passando por cima de muito preconceito que Leticia Bufoni, 21 anos, sagrou-se a maior campeã brasileira de street: são quatro títulos consecutivos desde 2010 e um vice-campeonato ano passado.
Ao lado de Karen Jonz e Pamela Rosa, Leticia Bufoni é uma das meninas que mais representam o nosso país em um dos esportes mais dominados por homens. Enquanto nossos olhos estavam todos voltados para a Copa do Mundo que rolava no Brasil – que decepção! – Karen Jonz sagrou-se tetracampeã de skate vertical e fizemos dobradinha no street: Pamela levou o primeiro lugar e Leticia, o segundo.
Apesar de todas as dificuldades para os skatistas no Brasil, Bufoni já está acostumada a acumular medalhas. São duas de ouro, uma prata e uma bronze no X Games, maior evento de esportes radicais do mundo, fora os quatro campeonatos mundiais. Desde os 9 anos ela já se aventura em cima das quatro rodinhas, quando um amigo de infância deu seu skate velho à menina que já estava se interessando pelo esporte nas ruas da Vila Matilde, bairro tradicional de São Paulo. E foi aí que seu pai resolveu dificultar ainda mais as coisas e começou impedi-la de andar de skate, chegando até a cortar um de seus skates no meio. Bom, parece que nada disso adiantou e hoje ela é motivo de orgulho para a família inteira justamente por causa do esporte que tanto irritava seu pai, que hoje a apoia incondicionalmente.
Além de mandar muito em cima skate, ela ainda arranja tempo entre uma viagem e outra para ganhar uma grana como modelo, fazendo diverso ensaios. “Aceito o termo “musa”, acho super legal e é um reconhecimento de estar ali fazendo pelo skate feminino. Não acho ofensivo, acho positivo e é um jeito de mostrar que a mulher pode ser vaidosa e andar de skate ao mesmo tempo”, disse Leticia em entrevista ao GE.
A única coisa que falta para surgirem mais “Leticias”, “Karens” e “Pamelas” no nosso país é o incentivo. Já tá mais do que provado que os esportes radicais estão no nosso DNA, então é extremamente importante que você também apoie outros esporte além do futebol quando puder. Com mais visibilidade, fica mais fácil conseguir patrocínio e competir em alto nível.